A prematuridade, definida como nascimento antes das 37 semanas de gestação, é a principal causa de morbimortalidade neonatal.
Aproximadamente 15 milhões de partos prematuros ocorrem a cada ano, correspondendo a 9 a 12% de todos os recém-nascidos. O principal fator de risco para a prematuridade é o histórico de parto prematuro espontâneo anterior, com taxas de recorrência que atingem até 35%.
Assim, sua recidiva é considerada alta, mesmo em pacientes sob tratamento preventivo, como a progesterona. Para mais, atualmente, doses baixas de aspirina (AAS) são utilizadas como medicação preventiva para a pré-eclâmpsia, já tendo sido comprovado que a AAS diminui as taxas de parto prematuro nessas pacientes.
Isso contribuiu para a hipótese de que a AAS poderia diminuir as taxas de parto pré-termo, mesmo em mulheres sem fator de risco para pré-eclâmpsia.
Baseado nesse questionamento, estudo randomizado multicêntrico duplo-cego e placebo controlado, avaliou a eficácia da AAS em doses baixas para prevenção de partos pré-termos em mulheres com partos prematuros prévios. O estudo foi conduzido em hospitais secundários e terciários na Holanda, e foram incluídas mulheres com idade ≥ 18 anos, gravidez única e com histórico de parto prematuro entre a 22ª e a 37ª semana.
A idade média das mulheres foi de 32,5 anos, sendo 81,1% dessas de raça branca. Essas foram divididas em dois grupos:
- grupo controle que recebeu a AAS composto por 194 gestantes;
- grupo que recebeu o placebo, composto por 193 pacientes
No grupo controle, as pacientes fizeram uso da AAS na dose de 80 mg/dia, com início entre a 8º a 16ª semana de gestação, e término até a 36ª semana.
O desfecho primário do estudo foi o parto com <37 semanas de gestação. Foi avaliado também, como desfechos secundários, o mau prognóstico neonatal, incluindo a broncodisplasia pulmonar, sepse comprovada por cultura e morte perinatal. E mais, o prognóstico materno, incluindo a mortalidade, eclâmpsia e edema pulmonar.
O estudo constatou que, nas gestantes com boa aderência ao tratamento (≥ 80%), a taxa de partos pré-termo foi de 19,2%, enquanto no grupo controle os valores foram de 24,8%, sendo essa diferença não significativa.
O mau prognóstico neonatal foi de 4,6% no grupo experimento e de 2,6% no grupo controle. Eventos adversos graves ocorreram em 5,4% das mulheres em uso de aspirina, e em 5,4% das mulheres sem uso dessa medicação.
Dessa forma, apesar da limitação relacionada ao tamanho da amostra, os autores concluíram que o uso de aspirina em doses baixas não reduz a taxa de partos prematuros em mulheres com histórico de partos pré-termo, bem como não reduz a ocorrência de eventos adversos neonatais e maternos.
Fonte: LANDMAN, A. J. E. M. C., DE BOER, M. A., VISSER, L., NIJMAN, T. A. J., HEMELS, M. A. C., NAAKTGEBOREN, C. N., VAN DER WEIDE, M. C., MOL, B. W., VAN LAAR, J. O. E. H., PAPATSONIS, D. N. M., BEKKER, M. N., VAN DRONGELEN, J., VAN PAMPUS, M. G., SUETERS, M., VAN DER HAM, D. P., SIKKEMA, J. M., ZWART, J. J., HUISJES, A. J. M., VAN HUIZEN, M. E., KLEIVERDA, G., BOON, J., FRANSSEN, M. T. M., HERMES, W., VISSER, H., DE GROOT, C. J. M., OUDIJK, M. A. Evaluation of low-dose aspirin in the prevention of recurrent spontaneous preterm labour (the APRIL study): A multicentre, randomised, double-blinded, placebo-controlled trial. PLOS Medicine, n. 19, v. 2, p. 1-18, fev., 2022.
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