Apesar dos avanços em conhecimentos dermatológicos e dos produtos oferecidos para assistência em saúde, o descuido da população com alta exposição à radiações ultravioletas, seja natural ou artificial, ainda é bastante comum principalmente para fins estéticos. Contudo, esse contato excessivo gera consequências neoplásicas que variam de gravidade, mas o câncer de pele melanoma é definitivamente o de maior risco.
O que é Câncer de Pele?
O Câncer de Pele, como qualquer outro, é o resultado de uma neoplasia celular a partir de modificação em seu código genético por exposição a fatores ambientais, isto é, o resultado da epigenética. Contudo, nesta patologia, as células afetadas fazem parte da pele e podem surgir a partir daquelas que compõem a epiderme. Por se tratar de uma neoplasia, é uma doença de alto risco para saúde com potencial de danificação local e de disseminação sistêmica (metástase) naqueles mais agressivos.
Qual a sua epidemiologia e fatores de risco?
O Câncer de Pele é o tipo de câncer mais comum na população brasileira, sendo um objeto de forte estudo para prevenção pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA).
O seu desenvolvimento está diretamente relacionado com a exposição à radiação ultravioleta, tendo o sol como o principal exemplo, mas inversamente relacionada à quantidade de melanina presente nas células (funciona como um componente protetor nuclear). Dessa forma, pessoas de peles mais claras e com exposição solar contínua e intensa são o principal público alvo.
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Quais os tipos de câncer de pele?
Devemos dividir as neoplasias em dois principais grupos: tipo não melanoma e melanoma.
Câncer de pele não melanoma
Os não melanoma são os mais comuns, sendo responsáveis por cerca de 80% dos casos, e representados pelo Carcinoma Basocelular e Carcinoma Espinocelular, os quais são resultado de alteração gênica em células epidérmicas e caracterizados como de menor agressividade.
Câncer de pele melanoma
Já o câncer do tipo melanoma é um dos mais raros, cerca de 4% dos casos, e resultado de anormalidade nos melanócitos (células produtoras de melanina). Por envolver camadas mais profundas, possui maior agressividade e chance de metástase, oferecendo risco de vida para os pacientes.
Quadro Clínico do Câncer de Pele
Geralmente o câncer de pele costuma ser assintomático, mas com possibilidade de aparecimento de pequenos sinais como uma lesão cutânea de borda avermelhada com supuração, por vezes sanguinolenta ou de sintomas inespecíficos (cefaléia, dor abdominal, dispneia ou tosse) que podem ser resultados de metástase de melanoma.
Por isso, o uso de alguns critérios a respeito da evolução clínica da lesão fornece mais informações para uma hipótese diagnóstica assertiva, sendo assim o mnemônico ABCDE é de extrema importância para identificação de lesões suspeitas. Veja a seguir:
Importante lembrar que, especialmente para os carcinomas, os locais de surgimento costumam ser naqueles de maior exposição ao sol, ou seja, ponta do nariz, orelhas, mãos e até em região labial.
Carcinoma Basocelular x Carcinoma Espinocelular x Melanoma
Carcinoma Basocelular (CBC)
Este é o tipo mais prevalente de todos e resultado de neoplasia nas células da camada mais profunda (basal) da epiderme. Normalmente se manifesta como nódulo-ulcerativo, ou seja, pápula vermelha, brilhosa, perolada, com crosta central, aspecto de úlcera e facilmente sangrante.
Carcinoma Espinocelular (CEC)
O carcinoma espinocelular é o segundo câncer de pele mais prevalente, sendo uma neoplasia das células escamosas (maior camada da epiderme). Ele possui aspecto de feridas que não cicatrizam ou de verrugas com coloração avermelhada e descamação. Vale destacar que pode ocorrer sangramento eventualmente.
Melanoma
O melanoma tem aparência de “pinta”/sinal com tons acastanhados ou enegrecidos, que aumenta de tamanho e pode assumir característica assimétrica. Geralmente surge em locais de difícil identificação pelo paciente, e é comum serem considerados como sinais normais pela população.
Diagnóstico
Essencialmente o diagnóstico de Câncer de Pele é clínico e com auxílio do dermatoscópio, uma vez que características de evolução da lesão sugerem sua malignidade, a exemplo de sua assimetria e do aumento de tamanho. Contudo, visando a confirmação do diagnóstico, para toda lesão suspeita de neoplasia deve ser feita a biópsia para estudo microscópico e identificação de atipia celular.
Vale salientar a importância da orientação aos pacientes sobre o autoexame, uma vez que são contextos frequentemente assintomáticos e torna-se útil no relato de alterações dos “sinais”.
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Tratamento para câncer de pele
Apesar de comumente serem assintomáticos ou oligossintomáticos, todo câncer de pele deve ser tratado de forma mais precoce possível a fim de evitar seu dano local potencialmente desfigurante e, no caso de melanomas, evitar sua metástase já que nesses casos não há uma cura.
Para isso, diversas técnicas cirúrgicas são utilizadas atualmente, mas com maior destaque para a cirurgia excisional e cirurgia micrográfica de Mohs (principalmente para melanomas). Somado a isso, em casos avançados de melanoma, medidas terapêuticas de quimioterapia, radioterapia ou imunoterapia podem ser feitas.
Orientações de prevenção
Tendo em vista todo o contexto clínico e a dificuldade de percepção da presença de câncer de pele em alguns casos, a prevenção é de extrema relevância e alguns simples cuidados podem ser orientados aos pacientes:
- Usar protetor solar diariamente, mínimo de 30 FPS. Renovar a cada duas horas ou menos (uso permitido a partir dos 6 meses de vida)
- Evitar exposição ao sol entre as 10 e 16 horas
- Evitar momentos de exposição intensa intermitente à radiação ultravioleta (seja natural ou artificial) ou contínua
- Cobrir as áreas de maior exposição com uso de chapéus e camisas de manga comprida
- Buscar analisar os próprios sinais
- Visitar um dermatologista anualmente para exame clínico completo
Conclusão
Ainda que simples medidas de prevenção sejam de conhecimento público e de significativa eficácia no combate ao desenvolvimento de câncer de pele, tal patologia segue como o tipo de neoplasia de maior incidência no Brasil.
Isso ocorre, principalmente por causa do contexto atual de crescimento do mercado estético, no qual diversos procedimentos de bronzeamento artificial são oferecidos. Assim, o conhecimento profundo da doença e a intensa e contínua orientação dos pacientes e da população é o caminho para o combate do câncer de pele.
Continue aprendendo:
- Classificação das lesões elementares da pele
- Ascite: fisiopatologia, causas, quadro clínico e tratamento
- Artrite reumatoide: sintomas, diagnóstico e como tratar
FONTES:
- Sociedade Brasileira de Dermatologia
- Visão geral do Câncer de Pele - MSD Manuals
- Treatment and prognosis of basal cell carcinoma at low risk of recurrence - UpToDate
- Cutaneous squamous cell carcinoma (cSCC): Clinical features and diagnosis - UpToDate
- Melanoma: Clinical features and diagnosis - UpToDate
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