O artigo publicado na revista The Journal of Headache and Pain abordou a necessidade da mudança do critério que define e diagnostica a cefaleia aguda antes de um acidente vascular encefálico (AVE) isquêmico, assim como os pródromos de um AVE isquêmico. O atual critério diagnóstico para cefaleia aguda é baseado, primariamente, na opinião de especialistas do que em artigos publicados evidenciados em casos-controle. Já, com relação a cefaleia diagnosticada como pródromo do AVE isquêmico, que o artigo chama de sentinela, ela não possui critério diagnóstico.
O trabalho é relevante porque o sintoma cefaleia é bastante presente em pacientes que têm a presença de um AVE isquêmico. No entanto, ao abordar o tema, o sintoma cefaleia precisa abranger alguns critérios, podendo eles ser: mudança do comportamento ou da forma, ou a apresentação de uma nova característica/nunca ter apresentado um episódio de cefaleia, ou, por fim, não ter alterações nas características dos episódios de cefaleia.
Para a realização do estudo caso-controle foram obtidos dados do largo estudo controlado de Yekaterinburg acerca da cefaleia correlacionada com o AVE isquêmico. Ele foi realizado entre setembro de 2012 a setembro de 2015 e propõe mudanças no ICHD-3 com o acréscimo de alguns novos critérios diagnósticos. Para incluir os pacientes no grupo caso, foram utilizados os seguintes critérios: maiores de 18 anos já acometidos pelo primeiro AVE (1); apresentar, de forma documentada por neuroimagem, indícios de uma nova região de infarto (2); ter sido examinado por um neurologista na admissão da emergência ou ser visto no dia depois (3); e concordar com a entrevista e com o seguimento de um ano do estudo (4).
No grupo controle, os critérios de exclusão eram mais rigorosos e abrangiam: não possuir nenhuma sequela advinda do AVE isquêmico anterior, não ter sofrido uma dissecção aórtica, nem arterite de células grandes, nem outro acometimento de vasos, cérebro ou pescoço; também não podia possuir pressão arterial maior ou igual a 180x100, infecções, tumor cerebral, epilepsia, esclerose múltipla ou demência.
Para mais, foi um estudo prospectivo, que avaliou todas as cefaleias no momento do AVE e durante 7 dias anteriores comparando-as com cefaleias pré-existentes, durante o ano anterior. E a partir disso, foram definidos os critérios diagnósticos para cada situação, no caso para cefaleia no momento do AVE isquêmico, e ela como pródromo (toda cefaleia que é de um novo tipo OU teve alguma de suas características alteradas). Foram examinados 2995 pacientes com AVE isquêmico e 225 pacientes no grupo controle. No entanto, para o trabalho final, ficaram 550 pacientes no grupo caso e 192 pacientes no grupo controle. E como objetivo, ele tinha de apresentar um novo tipo de critério diagnóstico para ser incorporado no ICHD-3 que incluísse um novo tipo de cefaleia ou uma antiga com características alteradas.
Foi encontrada assim uma sensibilidade de 100% e uma especificidade de 98%, mas é válido lembrar que ele foi aplicado na mesma amostra na qual foi realizado o estudo. Em sua discussão final, apesar de continuar reafirmando a necessidade da introdução desses novos critérios, diante da baixa sensibilidade do antigo, cerca de 60%, o próprio artigo sinaliza a necessidade de serem testados em um novo grupo de caso-controle.
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FONTE:
Rihmer: Diagnostic criteria for acute headache attributed to ischemic stroke and for sentinel headache before ischemic stroke. The Journal of Headache and Pain (2022) 23:11
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