A hemoptise é um sintoma comum entre diversas condições respiratórias, que surge a partir de rupturas em vasos traqueais, brônquicos ou pulmonares. Ela pode ser classificada como leve ou maciça, sendo esta última mais rara e apresentando risco de vida, pois pode gerar instabilidade hemodinâmica e obstrução de vias aéreas.
É necessário conhecer as possíveis etiologias e exames complementares que devem ser solicitados para realizar o correto diagnóstico e manejar os pacientes de forma adequada.
O que é Hemoptise?
A hemoptise é um sintoma caracterizado pela tosse com sangue proveniente das vias aéreas inferiores (pulmão, traqueia ou brônquios). É importante distingui-la da pseudohemoptise, que é a presença de sangue proveniente do trato gastrointestinal, e do termo hemoptoico, que é utilizado para descrever tosse com sangue independente da origem (vias aéreas superiores, inferiores ou outro trato).
A hemoptise pode ser classificada em maciça e não maciça, dependendo da quantidade de sangue expectorada. A hemoptise maciça é caracterizada pela expulsão de uma grande quantidade de sangue, mais de 100 mL em 24 horas, o que pode levar a complicações potencialmente fatais, como insuficiência respiratória aguda e choque.
A hemoptise não maciça refere-se à tosse de pequenas quantidades de sangue. Apesar de não gerar grandes repercussões por si só, pode ser indicativo de uma doença subjacente grave, como câncer de pulmão, devendo sempre ser investigada.
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Fisiopatologia
A hemoptise ocorre devido à ruptura de vasos sanguíneos no trato respiratório inferior, resultando no extravasamento de sangue. O tipo não-maciça muitas vezes é decorrente de rupturas de capilares traqueobrônquicos por tosse vigorosa em infecções leves.
As artérias pulmonares, que são derivadas do ventrículo direito do coração, costumam ter uma pressão arterial baixa, então quando há sangramentos com origem nesses vasos, geralmente são de pequena quantidade e não são ameaçadores à vida.
Enquanto isso, as artérias brônquicas (origem na aorta e artérias intercostais) possuem uma pressão arterial alta, sendo assim, sangramentos desses vasos podem ser de grande quantidade. A grande perda sanguínea pode resultar em choque hemodinâmico e o preenchimento dos alvéolos por sangue dificulta a troca gasosa, sendo potencialmente fatal ao indivíduo.
Etiologias
A hemoptise pode ser causada por uma ampla variedade de condições, incluindo neoplasias, infecções, coagulopatias, bronquite, fibrose cística, doenças reumáticas ou genéticas, trauma, entre outras. Abaixo, veja uma tabela mais extensa das possíveis etiologias.
Entre essas etiologias, a mais comum é a bronquite, que cursa com hemoptise leve. A tuberculose, o carcinoma broncogênico, a aspergilose, o micetoma e a bronquiectasia relacionada a fibrose cística são as causas mais comuns de hemoptise maciça, mas é muito comum que causem hemoptise leve também (nenhuma etiologia causa somente sangramentos maciços).
Como deve ser realizado o diagnóstico?
O diagnóstico requer uma abordagem cuidadosa, incluindo anamnese detalhada e exames diagnósticos.
Anamnese
Durante a anamnese, o médico deve obter informações sobre os seguintes pontos:
- Quantidade de sangue expectorado, frequência e duração;
- Sintomas associados;
- Comorbidades;
- Exposição a fatores de risco (tabagismo, drogas, asbesto, parasitoses, procedimentos torácicos, uso de AINE’s e AAS); e
- Avaliar outros sinais e sintomas que podem sugerir a causa subjacente.
Exames complementares
Exames complementares são necessários para identificar a causa da hemoptise. Isso pode incluir:
- Radiografia de tórax;
- Tomografia computadorizada (TC) de tórax;
- Angiotomografia;
- Broncoscopia;
- Exames de sangue (hemograma, coagulograma, função renal, hepatograma e gasometria) e;
- Em alguns casos, biópsia pulmonar.
A TC de tórax é mais sensível na detecção de anormalidades do que o RX e pode fornecer informações mais detalhadas sobre a localização e extensão da lesão pulmonar. A broncoscopia permite visualizar diretamente as vias aéreas e, se necessário, realizar biópsias ou procedimentos terapêuticos, como a embolização de vasos sanguíneos para controlar o sangramento.
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Tratamento da hemoptise
O manejo da hemoptise depende da causa subjacente e da gravidade do sangramento.
Hemoptise maciça
Nesses casos, a prioridade é estabilizar o paciente, garantindo via aérea pérvia e ressuscitação volêmica. Após isso, realizar broncoscopia para diagnóstico e terapia mais profunda. Fornecer ácido tranexâmico para promover coagulação.
Em situações de risco iminente de insuficiência respiratória ou choque ou de hemoptise não controlada, a intervenção cirúrgica urgente pode ser necessária (ressecção de neoplasias, tratamento de fístulas ou malformações vasculares, remoção de corpos estranhos).
Hemoptise não-maciça
Para este tipo, o tratamento é direcionado para controlar o sangramento e tratar a causa subjacente (antibiótico para infecções, anticoagulantes para embolia ou cirurgia para bronquiectasias). Medidas gerais podem incluir repouso, administração de medicamentos para controlar a tosse e diminuir a irritação das vias aéreas, além de evitar substâncias irritantes, como cigarro.
Conclusão
Em resumo, a hemoptise é um sintoma alarmante que requer avaliação cuidadosa e diagnóstico preciso. É essencial identificar a causa subjacente e determinar a gravidade do sangramento para guiar o tratamento adequado. O manejo da hemoptise envolve desde medidas de suporte para casos maciços até o tratamento específico para cada condição subjacente.
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FONTES:
- Lecturio
- Larici et al. Diagnosis and management of hemoptysis 2014
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