O periódico New England Journal of Medicine publicou artigo muito elucidativo sobre o Transtorno Depressivo Maior (TDM) em adolescentes. A depressão tem aumentado em todas as faixas etárias, entretanto, no público adolescente, a incidência aumentou mais quando comparada à população adulta. A incidência do TDM entre 13 e 18 anos, em algum período da vida, é de 11%, e a prevalência do quadro por 12 meses acomete 7.5% dos adolescentes. O sexo feminino, bem como adolescentes mais velhos, apresentam maiores taxas de depressão e maior severidade do quadro. Além disso, o TDM é um importante fator de risco para o suicídio, sendo considerado a segunda maior causa de morte em adolescentes nos Estados Unidos. E mais, a depressão nesse público prediz depressão na vida adulta, causa prejuízos no desempenho acadêmico, na aquisição da autonomia e da independência.
Dessa forma, os autores enfatizam a história familiar de depressão como um importante fator de risco para TDM, visto que não somente aumenta as chances de o adolescente desenvolver a depressão, como afeta também sua resposta ao tratamento. Por isso, afirmam que a identificação e tratamento dos sintomas depressivos nos pais pode melhorar os desfechos no adolescente depressivo. Para além disso, outros fatores de risco são o sexo feminino, história pessoal de trauma, doenças crônicas, conflitos familiares e minorias sexuais. O diagnóstico do TDM em adolescentes se dá de acordo com os critérios da 5ª edição do DSM-V. Os autores citam o humor deprimido, a insônia, as alterações de apetite/peso e a diminuição da energia como os sintomas mais comuns do TDM no adolescente. Por isso, consideram que questionar sobre esses itens durante a consulta médica é imprescindível. O DSM-5 cita o humor irritado como um possível sintoma do TDM em adolescentes, todavia, os autores afirmam que a irritabilidade com ausência de disforia é pouco frequente neste público. Além disso, a ansiedade pode proceder ou acompanhar os sintomas depressivos no adolescente. A maconha destaca-se como a droga ilícita mais comumente utilizada nesse público, e está associado com depressão e comportamento suicida. Por fim, apesar de doenças orgânicas serem menos frequentes em adolescentes, como a anemia e o hipotireoidismo, os autores recomendam investigação caso a história clínica ou exame físico sejam sugestivos.
Para além da adesão a uma rotina diária, alimentação saudável e atividade física, o tratamento farmacológico no adolescente com TDM é fundamental. Os autores preconizam o uso de inibidores de recaptação de serotonina, como o escitalopram e a fluoxetina, como drogas de primeira escolha. Recomenda-se esclarecer para ambos paciente e família que o efeito máximo da medicação atinge seu pico após 6 a 8 semanas, a fim de evitar interrupção ou abandono do tratamento. São efeitos colaterais comuns a cefaleia, sintomas gastrointestinais, sedação, insônia e boca seca. E ainda, a agitação, mais comum no público adolescente, podendo manifestar-se como insônia, desinibição e inquietação. Portanto, para diminuir a incidência desse efeito colateral e reduzir as taxas descontinuação do tratamento, os autores recomendam iniciar a medicação com doses baixas, aumentando-a gradativamente. Caso a resposta da medicação não seja satisfatória, recomenda-se adicionar uma segunda droga de classe diferente, como a bupropiona, o lítio ou antipsicóticos atípicos. Após a remissão dos sintomas, os autores recomendam manutenção da medicação por mais 6 a 12 meses. Por fim, recomenda-se a associação da medicação com a terapia cognitiva comportamental ou a terapia interpessoal.
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