Pacientes com infarto agudo do miocárdio devem ter a artéria coronária, que irriga a área isquêmica, reperfundida. No entanto, muitos desses indivíduos apresentam estenoses arteriais em artérias que não irrigam a área isquêmica. Lesões coronarianas são consideradas significativas quando ocluem 50% ou mais do lúmen do vaso, principalmente aquelas que ocluem mais de 70% do lúmen.
O estudo COMPLETE sugeriu que o tratamento de todas as coronárias doentes, em pacientes hemodinamicamente estáveis e com infarto agudo do miocárdio com supra de ST, diminui eventos cardiovasculares. O estudo CULPRIT-SHOCK, no entanto, avaliou a reperfusão em pacientes em choque cardiogênico, e sugeriu que aqueles que tiveram o tratamento imediato apenas da lesão culpada tiveram melhores desfechos.
No Congresso da Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC) foi publicado o estudo MULTISTARS AMI, que avaliou a melhor estratégia de angioplastia em pacientes com lesões maiores que 70% em coronária não culpada.
Como foi realizado o estudo?
Ensaio randomizado, open-label, internacional de não inferioridade com 840 pacientes. Foram selecionados pacientes hemodinamicamente estáveis, que foram randomizados em dois grupos: revascularização imediata multiarterial e revascularização da lesão culpada com tratamento das outras lesões em 19 a 45 dias.
O desfecho primário foi um composto de mortalidade, infarto agudo do miocárdio não fatal, acidente vascular cerebral, revascularização coronariana não planejada e hospitalização por insuficiência cardíaca 1 ano após a randomização.
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O que o estudo encontrou?
O desfecho primário ocorreu em 35 pacientes (8,5%) no grupo imediato contra 68 pacientes (16,3%) no grupo tratado em duas etapas, diferença com significância estatística. Os componentes do desfecho que tiveram diferença foram infarto e revascularização não planejada.
Conclusão
O estudo reforça o benefício do tratamento das coronárias não culpadas, apesar de ainda restar dúvidas se a intervenção imediata é a ideal, pois a média de tempo para intervenção no grupo tratado em duas etapas foi de 37 dias. E isso pode ser considerado um período longo para uma nova abordagem.
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FONTE:
- STÄHLI, Barbara E. et al. Timing of complete revascularization with multivessel PCI for myocardial infarction. New England Journal of Medicine, 2023
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