O primário, definido como a diminuição da função da própria tireoide, é caracterizada por um declínio no metabolismo e na cognição. Corresponde a 95% dos tipos de hipotireoidismo, e sua prevalência atinge 3.7% da população geral nos Estados Unidos. Tem como manifestações marcantes a astenia, a sonolência e a intolerância ao frio. E ainda, a voz arrastada, a pele seca ou áspera e a hiporreflexia profunda.
Atualmente, a levotiroxina (L-T4), em dose única diária, é o padrão-ouro para tratamento do hipotireoidismo. Apesar disso, evidências crescentes sugerem que o uso de L-T4 sem a administração concomitante de L-T3 não é capaz de garantir o estado eutireóideo no sangue e em outros tecidos.
Nesse contexto, em um estudo randomizado prospectivo e duplo cego, foram avaliados 75 pacientes com faixa etária entre 18 e 65 anos, com idade média de 50 anos. Os sujeitos deveriam ter diagnóstico de hipotireoidismo primário, sob uso de dose estável de L-T4 por pelo menos 6 meses.
Alguns critérios de exclusão dessa amostra foram gravidez e disfunções significativas de órgãos. Houve predominância do sexo feminino (58%) e da raça caucasiana (77.3%), bem como da tireoidite de Hashimoto (46%) e do hipotireoidismo pós-tireoidectomia (16%) como principais etiologias nessa amostra. Esses pacientes foram divididos em três grupos:
- realizando monoterapia com L-T4;
- realizando terapia combinada com L-T3 e L-LT4 e;
- fazendo uso do extrato de tireoide.
Cada um desses esquemas terapêuticos foi administrado por período de 22 semanas. Após 6 semanas, foram avaliados os níveis de TSH.
Quando seus níveis séricos se encontravam entre 0,27 e 4,2 mU/L, o paciente mantinha o tratamento por mais 16 semanas. Já quando o indivíduo não apresentava o valor esperado, ajustava-se a dose e, ao atingir o valor adequado, mantinha-se a medicação por mais 16 semanas. Após esse período, os grupos trocavam o esquema terapêutico, repetindo-se o mesmo processo. Foram avaliadas a sintomatologia, qualidade de vida e quadro depressivo através de questionários antes da troca de medicação.
O estudo concluiu que não houve diferenças estatisticamente significativas nos questionários aplicados. Não foram evidenciadas diferenças nas preferências dos pacientes por determinado esquema terapêutico. Por fim, não houve divergência entre os parâmetros bioquímicos e metabólicos desses pacientes durante o tratamento, bem como nos desfechos de acordo com a etiologia do hipotireoidismo. Segundo os autores, esses achados confirmam conclusões de estudos prévios acerca da indiferença do uso da monoterapia versus terapia combinada.
Fonte: SHAKIR M. K. M., BROOKS, D. I, MCANICH, E. A., FONSECA, T. L., MAI, V. Q., BIANCO A. C., HOANG, T. D. Comparative Effectiveness of Levothyroxine, Desiccated Thyroid Extract, and Levothyroxine+Liothyronine in Hypothyroidism. Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism, v. 106, n. 11, p. 4.400-4.413, out. 2021.
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