A incidência do pólipo colorretal varia de 7% a 50%, sendo os números mais elevados associados a pólipos muito pequenos encontrados durante autópsias. Esses pólipos podem ser categorizados como neoplásicos, por exemplo os adenomas, ou não neoplásicos, como os pólipos inflamatórios.
A maioria dos pólipos adenomatosos e serrilhados não evoluirão para câncer; no entanto, eles estão correlacionados a um risco aumentado de câncer colorretal, especialmente quando classificados como avançados, ou seja, com 10 ou mais milímetros de diâmetro, componente viloso e displasia de alto grau.
A prática da polipectomia desempenha um papel fundamental na redução significativa da incidência de câncer colorretal, podendo atingir uma diminuição de até 90%. Em casos em que há um número elevado de pólipos, especialmente em pacientes mais jovens, a avaliação cuidadosa para síndromes de polipose familiar torna-se crucial no seguimento clínico.
O que é um pólipo colorretal?
O pólipo colorretal é uma protrusão que se forma dentro do lúmen, acima da mucosa circundante do cólon. Embora geralmente sejam assintomáticos, os pólipos colônicos têm a capacidade de ulcerar, causar sangramento, provocar tenesmo quando localizados no reto e, em casos de grande dimensão, podem levar a obstrução intestinal.
Aproximadamente dois terços de todos os pólipos do cólon são adenomas e de 30% a 50% dos cólons com um adenoma contêm pelo menos outro adenoma sincrônico. O envelhecimento é um fator de risco para o desenvolvimento de adenomas no cólon e está associado à ocorrência de displasia de alto grau.
Um índice de massa corporal (IMC) aumentado está associado a um risco aumentado de adenomas colorretais. Em uma meta-análise de 36 estudos, o risco de adenomas colorretais aumentou 19 por cento para cada aumento de 5 unidades no IMC (Rex, 1995). A falta de atividade física também é um fator de risco.
Os pólipos adenomatosos são mais comuns em homens, e grandes adenomas podem ser mais comuns em afro-americanos, especialmente do lado direito e podendo surgir em idades mais jovens.
{{banner-cta-blog}}
Quais as causas e tipos de pólipos colorretais?
Pólipos inflamatórios
Os pólipos inflamatórios, incluindo os pseudopólipos inflamatórios, pólipos inflamatórios do tipo prolapso e os pólipos mio glandulares, são formações intraluminais não neoplásicas que consistem em componentes estromais, epiteliais e células inflamatórias.
Os pseudopólios inflamatórios, resultantes de ulceração e regeneração da mucosa em resposta à inflamação, são geralmente múltiplos, filiformes e podem apresentar-se com muco aderido. Esses pólipos não passam por transformação neoplásica, mas podem estar associados à displasia circundante em casos de doença inflamatória intestinal.
Por outro lado, os pólipos inflamatórios do tipo prolapso resultam de trauma induzido pelo peristaltismo, levando a características histológicas como hiperplasia fibromuscular, distorção arquitetônica e serrilhados.
Pólipos Hamartomatosos
Os pólipos hamartomatosos consistem em aglomerados de tecido normalmente presentes na área em que se formam, porém com um crescimento desordenado.
Pólipos juvenis
Os pólipos juvenis, por exemplo, são lesões hamartomatosas que consistem em uma lâmina própria e glândulas císticas dilatadas, sendo geralmente solitários, mais comuns na infância e não associados a um risco aumentado de câncer colorretal.
Síndrome da polipose juvenil
Por outro lado, a síndrome da polipose juvenil é uma condição autossômica dominante caracterizada por múltiplos pólipos hamartomatosos em todo o trato gastrintestinal, apresentando risco aumentado de câncer colorretal e gástrico.
Pólipos de Peutz-Jeghers
Os pólipos de Peutz-Jeghers são lesões hamartomatosas associadas à síndrome de Peutz-Jeghers (SPJ), caracterizada por mutações no STK11. Esses pólipos devem ser ressecados, pois, embora geralmente benignos, têm potencial para crescer progressivamente e sofrer transformação maligna.
Síndrome de Cronkhite-Canada
A síndrome de Cronkhite-Canada é um distúrbio raro não familiar que envolve polipose gastrointestinal, alopecia, hiperpigmentação cutânea, onicodistrofia, diarreia, perda de peso e dor abdominal. Os pólipos associados são hamartomas e não apresentam aparência neoplásica.
Síndrome do tumor hamartoma homólogo
A síndrome do tumor hamartoma homólogo de fosfatase e tensina, composta principalmente pelas síndromes de Cowden e Bannayan-Riley-Ruvalcaba, também tem sido associada a pólipos hamartomatosos, além de outros tipos histológicos.
Pólipos Serrilhados
Os pólipos serrilhados formam um grupo heterogêneo com potencial maligno variável, incluindo pólipos hiperplásicos, adenomas serrilhados tradicionais e pólipos serrilhados sésseis (PSS) com e sem displasia citológica. A classificação desses pólipos está em constante evolução, com variabilidade significativa entre os patologistas.
Pólipos hiperplásicos
Os pólipos hiperplásicos, os mais comuns no cólon, têm aparência endoscópica de pequenos nódulos ou lesões polipoides, localizando-se principalmente no retossigmoide e com menos de 5 mm de tamanho. São pólipos serrilhados com arquitetura normal, compostos por componentes celulares normais, sem displasia e apresentando um padrão serrilhado característico ("dente de serra").
Adenoma serrilhado séssil
O adenoma serrilhado séssil é mais prevalente no cólon proximal, possuindo uma superfície lisa, sendo planos ou sésseis e muitas vezes cobertos de muco. Podem conter anormalidades arquitetônicas, proliferativas e de maturação, adquirindo evidências de displasia.
Adenoma serrilhado tradicional
Já os adenomas serrilhados tradicionais são mais comuns no cólon retossigmoide, podendo ser pedunculados ou sésseis, apresentando displasia citológica difusa, mas geralmente leve.
Síndrome de polipose serrilhada
A síndrome de polipose serrilhada ou síndrome de polipose hiperplásica é uma condição rara caracterizada por pólipos serrilhados múltiplos, grandes e/ou proximais. Os pólipos são frequentemente encontrados ao longo das cristas das dobras haustrais e aderidos a muco e resíduos, dificultando sua discriminação da mucosa colônica.
Pólipos adenomatosos
Os adenomas são os pólipos neoplásicos mais prevalentes no cólon. Adenomas de pequeno porte geralmente não apresentam sangramento e suas taxas de crescimento são variáveis. A maioria dos pequenos pólipos exibe um crescimento mínimo (em média, 0,5 mm/ano) e menos de 5% progridem para câncer ao longo de 7 a 10 anos.
Em relação às características e classificação endoscópica, a maioria possui menos de 1 cm na endoscopia e, com base em sua aparência macroscópica, podem ser pedunculados, sésseis, planos, deprimidos ou escavados.
Quanto às características histológicas, são classificados como tubulares, vilosos ou uma combinação dos dois. Um adenoma avançado é definido como aquele com tamanho ≥10 mm ou com componentes vilosos ou displasia de alto grau.
Sintomas de pólipo colorretal
Os pólipos colorretais geralmente não apresentam sintomas, porém podem desenvolver úlceras e sangramentos. Se localizados no reto, podem causar tenesmo. Quando muito grandes, podem levar à obstrução intestinal. O sangramento retal, frequentemente oculto e raramente em grande quantidade, é a manifestação mais prevalente.
Em casos de pólipos maiores, podem surgir cólicas, dor abdominal ou obstrução. Durante o toque retal, é possível palpar pólipos retais, e, ocasionalmente, um pólipo com um pedículo mais extenso pode propagar-se através do ânus. Os adenomas vilosos grandes, raramente provocam diarreia e podem causar hipopotasemia.
Diagnóstico
O diagnóstico dos pólipos colônicos geralmente é realizado por meio de colonoscopia. Embora o enema baritado, especialmente com duplo contraste, seja eficaz, a preferência recai sobre a colonoscopia, pois ela não apenas possibilita a identificação, mas também a remoção dos pólipos durante o procedimento.
Como os pólipos retais frequentemente são múltiplos e podem coexistir com o câncer, é obrigatória a realização de uma colonoscopia completa até o ceco, mesmo que a lesão distal tenha sido identificada por sigmoidoscopia flexível. Durante o procedimento, qualquer pólipo visualizado é removido e avaliado quanto à possível presença de câncer.
Além disso, aqueles que apresentam manchas negro-azuladas nos lábios ou na cavidade oral, e/ou possuem dois ou mais pólipos no trato digestivo, ou têm antecedentes familiares da síndrome de Peutz-Jeghers, devem realizar um exame de sangue para avaliar a presença da doença.
{{banner-cta-blog}}
Tratamentos para pólipo colorretal
Para pacientes com pólipo colorretal assintomático, no geral, o tratamento não é necessário, a menos que os sintomas se desenvolvam. Nesses casos, é realizada a polipectomia endoscópica. O tratamento do pólipo colorretal envolve a remoção completa durante a colonoscopia, sendo seguido, em alguns casos, pela ressecção cirúrgica.
Após a remoção, é essencial realizar uma colonoscopia de seguimento. Os tratamentos subsequentes dependem da histologia do pólipo. Se o epitélio displásico não invadir a muscular da mucosa, as margens de ressecção estiverem livres e a lesão for bem diferenciada, a remoção endoscópica seguida de acompanhamento são adequadas.
Em casos de invasão mais profunda, margens não livres ou lesões pouco diferenciadas, pode ser necessária a ressecção segmentar do cólon. A invasão da muscular da mucosa aumenta o risco de metástases linfonodais, justificando avaliações posteriores semelhantes às realizadas no câncer de cólon.
A definição do cronograma para os exames de acompanhamento após a polipectomia é um tema controverso, sujeito a variações conforme a quantidade, tamanho e tipo dos pólipos removidos.
Conclusão
A abordagem do pólipo colorretal envolve a detecção precoce, diagnóstico preciso e tratamento adequado para prevenir a progressão para o câncer de cólon. A colonoscopia desempenha um papel fundamental na identificação e remoção de pólipos, permitindo tanto o diagnóstico quanto o tratamento durante o mesmo procedimento. Além disso, o acompanhamento pós-polipectomia é uma etapa essencial no manejo dessas lesões.
Continue aprendendo:
- Hipocalcemia: o que é, causa, sintomas e tratamento
- Infecção do trato urinário: tipos, diagnóstico e tratamento
- Febre amarela: ciclo, quadro clínico, tratamento e prevenção
FONTES:
- NGUYEN, Minhhuyen. Pólipos no cólon e no reto - Distúrbios digestivos - Manual MSD Versão Saúde para a Família. 2021.
- NGUYEN, Minhhuyen. Pólipos do cólon e reto - Distúrbios gastrointestinais - Manuais MSD edição para profissionais. 2021.
- Macray, Finlay A. Overview of colon polyps. UPTODATE
- Rex DK. Colonoscopy: a review of its yield for cancers and adenomas by indication. Am J Gastroenterol. 1995 Mar;90(3):353-65. PMID: 7872270
+400 de aulas de medicina para assistir totalmente de graça
Todas as aulas são lideradas por autoridades em medicina.