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Raiva: transmissão, sintomas, tratamento e prevenção

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Equipe medclub
Publicado em
23/4/2024
 · 
Atualizado em
23/4/2024
Índice

Com o crescimento do mercado Pet, a população vem adquirindo um comportamento de maior proximidade com animais mamíferos, como cães e gatos. Contudo, contatos com certos animais, principalmente aqueles não domesticados, podem ser de risco para os seres humanos. Isso porque, há uma exposição a certas infecções que podem ser transmitidas, a exemplo da Raiva.

O que é Raiva?

Raiva é uma zoonose viral causada por vírus do gênero Lyssavirus e da família Rhabdoviridae, caracterizada por uma encefalite aguda progressiva de graves impactos orgânicos, principalmente neurológicos, e que ocorre em cerca de 80% dos casos. Assim, ela é classificada como a doença de maior mortalidade dentre todas as patologias infecciosas.

Epidemiologia

Anualmente são registrados por volta de 50.000 mortes humanas pela raiva, com maior destaque para áreas consideradas endêmicas de raiva canina, a exemplo de América, Ásia e África. Apesar da disseminação de métodos de prevenção, como vacinação de animais domésticos e busca ativa de animais selvagens portadores do vírus (ex: morcegos), a raiva ainda se configura como um grande problema de saúde pública.

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Como ocorre a transmissão da raiva?

Ilustração da transmissão do vírus da raiva por mordedura de cães. Foto: Reprodução/ShutterStock
Ilustração da transmissão do vírus da raiva por mordedura de cães. Foto: Reprodução/ShutterStock

A transmissão animal-humano do agente etiológico ocorre a partir do contato direto com animais portadores da doença, sendo estes mamíferos  (cães, gatos, morcegos, entre outros), que através do contato de sua saliva por mordedura, arranhão ou lambedura, infectam a mucosa humana transmitindo o vírus. Em casos de lesão por morcegos, a profilaxia deve ser feita em todos os casos, obrigatoriamente.

Fisiopatologia

O vírus da raiva tem característica de desenvolvimento neurotrópico, isto é, após infectar o organismo busca por células do sistema nervoso para a sua maturação e replicação. Desta forma, inicialmente as terminações nervosas periféricas próximas ao contato infeccioso são atingidas, seguido de uma proliferação para a região de Sistema Nervoso Central (tronco encefálico e encéfalo) ocasionando lesões neurológicas mais significativas e evolução clínica rápida para um quadro de encefalite rábica.

Sintomas da raiva

Ilustração abordando os principais tópicos a respeito da Raiva. Foto: Reprodução/ ShutterStock
Ilustração abordando os principais tópicos a respeito da Raiva. Foto: Reprodução/ ShutterStock

Após a infecção, o vírus passa por um período de incubação de 20 a 60 dias, que ocorre nas células nervosas. Após iniciar a sua replicação e dano celular, sintomas prodrômicos caracterizados por manifestações inespecíficas (febrícula, cefaleia, anorexia, astenia, agitação, entre outros) surgem e duram cerca de 2 a 10 dias. 

Alguns pacientes podem experienciar linfadenopatia ou sintomas sensitivos, como hiperestesia ou parestesia, próximos ao local do contato infeccioso. Entretanto, 80% dos casos evoluem para manifestações graves que definem a encefalite rábica: ansiedade, convulsões, alucinações/delírios, espasmos musculares. Nesse cenário, os pacientes comumente possuem sinais de hidrofobia, hiperacusia, aerofagia e disfagia. A maioria dos deles nesse estágio vai a óbito. 

Como é feito o diagnóstico?

Por se tratar de uma urgência e, por vezes, emergência médica, o diagnóstico da raiva deve ser precoce e baseado, ao primeiro contato, em uma história de exposição a animais raivosos ou com suspeita de raiva, associado com manifestações clínicas da patologia. 

Para confirmação diagnóstica, alguns métodos podem ser utilizados em pacientes antemortem, como biópsia de nuca da pele, isolamento do vírus na saliva ou pesquisa de anti-raiva no líquido cefalorraquidiano (LCR). Em postmortem, a pesquisa de imunofluorescência em tecidos neurais, como tronco encefálico e encéfalo são opções.

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Tratamento e Prevenção da raiva

Após o início da replicação viral e das manifestações não há tratamento eficaz para a raiva que permita a sua cura. Nesse contexto, medidas de suporte devem ser oferecidas. Assim, métodos de prevenção devem ser o foco da conduta médica para indivíduos com alto risco de infecção ou possivelmente já infectados.

Prevenção pré-exposição da raiva

Para indivíduos de alto risco para infecção do patógeno (ex: veterinários e adestradores de animais) deve ser feita administração da vacina de células diploide humana (VCDH): 1ml, 3 doses (0-7-21/28).

Prevenção pós-exposição da raiva

Em casos de animais raivosos ou com qualquer suspeita de raiva, medidas profiláticas devem ser realizadas. Assim, a administração de VCDH + imunoglobulina antirrábica deve ser realizada. Veja o esquema a seguir:

  • VCDH, 1ml, 4 doses (0-3-7-14); *Se imunossuprimido: 5 doses (0-3-7-14-28)
  • Imunoglobulina antirrábica 20 UI/kg

Importante destacar que em pacientes já vacinados, mas com nova exposição, a conduta deve ser de apenas VCDH, 1 ml, 2 doses (0-3). Não há necessidade de imunoglobulina antirrábica.

Conclusão

Apesar de métodos simples de prevenção, como de interromper a transmissão a partir da vacinação de animais, a raiva permanece como endêmica em algumas regiões. A sua alta taxa de mortalidade torna necessário seu intenso conhecimento e busca por métodos mais eficazes que possam garantir maior sobrevida para os pacientes.


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