A insuficiência cardíaca de fração de ejeção preservada (ICFEP) corresponde a cerca de metade dos casos de IC. A maioria dos pacientes com essa condição apresenta sobrepeso ou obesidade, sendo a obesidade não apenas um fator coexistente, mas parte da fisiopatologia desta condição, além de que pacientes obesos apresentam mais sintomas e pior funcionalidade em relação aos pacientes com ICFEP e com IMC dentro da normalidade.
O estudo STEP-HFpEF apresentado no congresso europeu de cardiologia deste ano, teve como objetivo avaliar se uma terapia direcionada à obesidade seria capaz de reduzir sintomas e limitações funcionais destes pacientes. Assim, foi analisada a ação da Semaglutida, um análogo de GLP-1 inicialmente utilizado para o tratamento de DM2, mas já utilizado para o tratamento de obesidade e que demonstrou diminuição de fatores cardiometabólicos com o seu uso.
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Como o estudo foi realizado?
Foram incluídos pacientes com IMC maior ou igual a 30; fração de ejeção > 45%; NYHA II-IV; Kansas city questionnaire clinical summary score (KCCQ-CSS) de menos de 90 pontos; teste da caminhada em 6 minutos menor que 100 m. Foram excluídos pacientes diabéticos. Os pacientes utilizaram uma dose de 2,4 mg subcutânea, durante 52 semanas com um follow-up de 5 semanas após a parada do uso.
Desfechos primários
Os desfechos primários incluíram: a qualidade de vida, avaliada por meio do KCCQ-CSS (avalia sintomas de insuficiência cardíaca com base em 23 itens, quanto maior a pontuação menos sintomas), e a porcentagem de mudança na massa corporal.
Desfechos secundários
Os desfechos secundários incluíram a mudança no teste de caminhada de 6 minutos, um desfecho composto que inclui morte por qualquer causa, hospitalizações, visitas na urgência e mudanças no KCCQ-CSS discriminadas por pontuação.
Foram randomizados 529 participantes, sendo que estes se qualificaram para participação seja por aumento das pressões de enchimento ventriculares, aumento do NT-proBNP e alterações no ecocardiograma ou história de hospitalização por insuficiência cardíaca e uso de diuréticos nos últimos 12 meses.
O que o estudo encontrou?
Houve uma mudança significativa de qualidade de vida, no grupo de pacientes em uso da medicação, em comparação com o grupo placebo. Também houve uma mudança de IMC, com uma média de perda de 13,3% do índice de massa corporal dos pacientes em uso da Semaglutida. No entanto, o estudo não teve poder suficiente para demonstrar mudanças na mortalidade e hospitalização entre os grupos.
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FONTE:
- Kosiborod, M.N. Semaglutide in Patients with Heart Failure with Preserved Ejection Fraction and Obesity. The New England Journal of Medicine. August 25, 2023. DOI:10.1056/NEJMoa2306963
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