É dito como síndrome as condições médicas nas quais há uma convergência entre diferentes patologias de base para uma manifestação clínica semelhante. Nesse cenário, a Síndrome da Veia Cava Superior tem seu lugar uma vez que possui diversas etiologias, sendo estas classificadas em dois grandes grupos: neoplásicas e não neoplásicas.
O que é Síndrome da Veia Cava Superior?
A Síndrome da Veia Cava Superior (SVCS) é um conjunto de manifestações clínicas provenientes de uma alteração de fluxo sanguíneo na veia cava superior, seja por motivos intravasculares, como também extravasculares. Dessa forma, ocorre uma congestão venosa central que pode evoluir para disfunção cardíaca, pulmonar e até mesmo de Sistema Nervoso Central.
Causas da síndrome da veia cava superior
Dentre as etiologias, se destacam aquelas que ocasionam uma compressão extrínseca da Veia Cava Superior, ou seja, um desenvolvimento de neoplasia pulmonar direita, sendo o câncer de células não pequenas o mais comum seguido daquele de pequenas células.
Ainda nesse âmbito, os Linfomas não Hodgkin (difuso de células grandes e linfoblástico) têm sua importância como a terceira etiologia mais comum. As três etiologias mencionadas ocasionam cerca de 95% dos casos. No contexto de causas intravasculares ou não neoplásicas, merecem destaque a mediastinite fibrosante e a trombose ocasionada por dispositivos intravasculares (ex: cateteres e marca-passos).
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Qual o seu mecanismo fisiopatológico?
Tendo em vista a disposição anatômica da Veia Cava Superior e de suas ramificações, sabe-se que este vaso é responsável pela drenagem sanguínea de toda a região superior do corpo em direção ao Átrio Direito (AD).
Nesse sentido, devido à redução de fluxo sanguíneo ocasionado, ocorre uma congestão vascular retrógrada por estase jugular e de veias subclávias de modo a aumentar a pressão plasmática gerando edemas em membros superiores (MMSS), região cervical (laringe e faringe), facial, intracraniana e cerebral. Em concordância a isso, em casos de evolução mais prolongada ocorre a formação de circulação colateral, podendo ser visíveis no abdome em alguns casos.
Sintomas da síndrome da veia cava superior
Considerando os mecanismos fisiopatológicos, os principais sinais da síndrome da veia cava superior estão elencados abaixo:
- Edema facial / cervical (laringe e faringe) / MMSS / Região Clavicular
- Dispneia (principalmente em decúbito ou corpo inclinado anteriormente)
- Cefaleia
- Tontura
- Estridor
- Alterações visuais (visão turva / diplopia)
- Disfagia
- Confusão mental
Importante destacar que a gravidade das manifestações depende de como decorreu seu início. Isto é, em compressões vasculares súbitas ou de rápido surgimento, tendem a ser mais graves. Além disso, a presença de circulação colateral pode gerar uma leve melhora clínica inicialmente, mas com nova piora em seguida.
Diagnóstico
Para o diagnóstico da síndrome da veia cava superior deve-se associar métodos de imagem com a anamnese e exame físico bem realizados. Assim, a Tomografia Computadorizada (TC) de Tórax com contraste é essencial para a visualização direta da etiologia de redução de fluxo sanguíneo.
Contudo, em pacientes nos quais não há diagnóstico prévio de neoplasia ou outras possíveis causas, é necessária a avaliação histopatológica da massa em TC guiada por biópsia, citologia de líquido pleural ou biópsia de medula óssea. Em diagnósticos inconclusivos ou procedimentos contraindicados a broncoscopia, mediastinoscopia e toracotomia são opções. Vale salientar que em alguns pacientes há alargamento mediastinal no Raio-X.
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Como tratar a síndrome da veia cava superior?
A terapêutica de pacientes com síndrome da veia cava superior visa, inicialmente, o controle geral da sintomatologia e, portanto, a administração de glicocorticoides (redução de edema), hidratação controlada, suporte ventilatório apenas em casos de hipóxia (Sat < 90%) são medidas rotineiras.
Contudo, uma vez que o diagnóstico etiológico específico é estabelecido, medidas devem ser individualizadas, como uso de trombolíticos ou Radioterapia / Quimioterapia. Importante destacar que em pacientes severos, a intervenção imediata de recanalização, com ou sem stent, está indicada.
Conclusão
Tendo em vista que cerca de 60% dos pacientes com síndrome da veia cava superior possuem uma etiologia neoplásica não diagnosticada previamente e com possibilidade de tratamento, é de extrema importância o conhecimento das principais manifestações clínicas e métodos diagnósticos. Isso para que uma terapêutica adequada possa ser iniciada o mais rápido possível e possibilite maior sobrevida aos pacientes.
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FONTE:
- Malignancy-related superior vena cava syndrome, UpToDate;
- Washington, Manual de Oncologia;
- HCUSP, Clínica Médica, Vol. 3;
- Emergências Oncológicas - Síndrome da Veia Cava Superior na Emergência, FMRP-USP.
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