Artigo publicado na revista State of The Art Review versa sobre as modificações no diagnóstico da síndrome hepatorrenal e como essa mudança - que ocorreu em 2018 e foi incorporada pela EASL (European Association for the Study of the Liver) - modificou o manejo em pacientes com cirrose. É sabido que a síndrome é relacionada com a injúria renal aguda, que tinha como definição: “creatina sérica 2x seu valor de duas semanas atrás ou concentrações maiores ou iguais a 2,5 mg/dL”
Com as modificações ela passou a ser definida como: “ aumento na creatinina sérica maior ou igual a 0,3 mg/dL em 48 horas ou aumento da creatinina sérica maior ou igual a 1,5 vezes o valor de base (exame laboratorial deve ter sido realizado a menos de 3 meses)”. Com isso, a síndrome hepatorrenal tornou-se mais real e mais fácil de ser manejada, tendo em vista que seu aparecimento pode ser detectado de forma precoce.
A fisiopatologia é baseada em estudos observacionais, os quais perceberam a associação da cirrose com a retenção de sódio provocando o surgimento de ascite e, consequentemente, a sobrecarga renal por hipovolemia relativa. Com isso, é possível entender a correlação da doença hepática com o acometimento renal.
Tratamento da síndrome hepatorrenal
A síndrome - que antigamente era chamada tipo 1, e na atualidade passa a ser chamada de síndrome hepatorrenal HRS-AKI (hepatorenal syndrome – acute kidney injury) - teve o seu manejo clínico abordado pelo artigo. Assim, ele deve ser iniciado com uso da albumina em 1mg/kg/dia em 2 dias, e altas doses de diuréticos.
No entanto, o tratamento específico consiste no uso de vasoconstrictores esplâcnicos, como a octreotide e a terlipressina, mais recomendada e utilizada na Europa. Eles auxiliam na diminuição da pressão portal e no aumento no fluxo sanguíneo para os rins, especialmente quando combinados com a administração da albumina, que tem como principal função a diminuição da concentração da creatinina sérica.
As TIPS (shunts intra-hepáticos portossistêmicos) são pouco estudadas no tratamento das síndromes hepatorrenais, não sendo uma opção viável. E de acordo com o estudo, a terapia de substituição renal será uma opção apenas quando o paciente apresentar: hipervolemia, uremia ou alterações hidroeletrolíticas, sendo uma terapia reservada para pacientes que estão na lista de transplante.
O transplante hepático é o melhor tratamento para o paciente, pois ao fazer a troca dos fígados o que antes sobrecarregava os rins será eliminado. Diante disso, a mudança na definição da injúria renal aguda (IRA) foi substancial para uma melhor atuação diante dos pacientes com síndrome hepatorrenal. O segundo grande ponto do trabalho é saber que o manejo de primeira linha é a união entre o vasoconstrictor com a albumina. Diante disso, pode-se melhorar o diagnóstico e o manejo dos pacientes cirróticos que cursam com a síndrome hepatorrenal.
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