Artigo publicado na revista Annals of General Psychiatry abordou os principais fatores associados a farmacoterapia e ao suicídio nos transtornos de humor. O suicídio é uma das principais causas de morte no mundo, com cerca de 75% dos casos ocorrendo em países de baixa ou média renda. Para mais, o suicídio é mais comum em homens e em pacientes idosos, atingindo a taxa de 17.1 para cada 100.000 habitantes em pacientes com 70 anos ou mais no Brasil.
Seus principais fatores de risco podem ser classificados em dinâmicos -presentes em determinado momento, variando em sua duração e intensidade- e estáveis (ex.: traço de personalidade). E mais, são classificados em estáticos, ou seja, que não podem ser mudados, como a tentativa prévia de suicídio; e ainda, em fatores de risco futuro, definidos pela possibilidade de serem antecipados, como o acesso a armas de fogo.
O tratamento dos transtornos psiquiátricos, visando a prevenção do suicídio, consiste nas intervenções diretas e indiretas. Sendo exemplos da primeira a restrição à locais de risco, a terapia cognitivo-comportamental e a terapia comportamental dialética. Já nas intervenções indiretas, são exemplos o uso do lítio, a clozapina e o uso de antidepressivos.
Assim, este artigo de revisão cita a importância do sucesso, a curto e longo prazo, do tratamento dos distúrbios do humor como fator crucial na prevenção do suicídio. Isso porque, ainda segundo o autor, cerca de 90% das vítimas de suicídio apresentam pelo menos uma desordem mental, sendo essa frequentemente não tratada. Dessas, as mais comuns são o transtorno depressivo maior (56 a 87%), o transtorno por abuso de substâncias (26 a 55%) e a esquizofrenia (6 a 13%), ainda de acordo com o autor.
Apesar disso, o transtorno depressivo maior (TDM) é frequentemente subdiagnosticado e tratado de forma ineficiente, visto que o autor afirma que o uso adequado de antidepressivos é inferior a 20% em vítimas de suicídio. Por isso, o artigo cita os seguintes fatores relacionados à farmacoterapia no tratamento do TDM, que são associados ao maior risco de suicídio: 1) ausência de tratamento; 2) tratamento inadequado; 3) os primeiros 10 a 14 dias após o início do tratamento; 4) cessação precoce do tratamento pelo paciente ou pelo médico; 5) ausência de tratamento a longo prazo em casos de depressão crônica ou recorrente; e 6) ausência de resposta e resistência ao tratamento.
Por fim, o autor também discute que, para pacientes com transtorno bipolar, a monoterapia com antidepressivos pode aumentar o risco de suicídio nesses pacientes, devendo os antidepressivos serem associados com os estabilizadores de humor e os antipsicóticos atípicos.
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FONTE:
- Rihmer: Suicide among untreated and treated depressives: the role of compliance, drug-resistance and underlying bipolarity. Annals of General Psychiatry 2010 9(Suppl 1):S50
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