Revisão sistemática publicada na plataforma Cochrane visou determinar se uso de vasopressina, adrenalina, ou ambas as medicações, administradas no contexto da parada cardiorrespiratória, apresentavam benefícios para a sobrevivência. A parada cardíaca é definida pela ausência de sinais circulatórios. Acomete centenas de milhares de pessoas em todo o mundo, anualmente. Quando ocorre fora do ambiente hospitalar, apenas uma a cada dez pessoas sobrevive ao evento, todavia, uma a cada cinco paradas cardíacas ocorrem em ambientes hospitalar.
O objetivo inicial da ressuscitação cardiovascular é o retorno espontâneo da circulação, entretanto, apenas 25 a 50% dos pacientes sobrevivem a PCR. As principais causas de morte são o dano neurológico severo e a síndrome da disfunção de múltiplos órgãos. Além disso, uma parte significativa de paciente que sobrevivem apresentam dano neurológico significativo ou algum grau de comprometimento cognitivo.
O uso da adrenalina faz parte do tratamento central parada cardiorrespiratória. Entretanto, sua eficácia no tratamento da PCR tem sido questionada nas últimas duas décadas. A vasopressina foi uma medicação recomendada com uso adjuvante ou alternativo à adrenalina pela American Heart Association entre 2000 e 2015, quando passou a não ser mais indicada. Nesta revisão, os autores evidenciaram dois estudos com alta qualidade de evidência que demonstraram que a dose padrão de adrenalina, comparada com placebo, aumentou a sobrevivência à alta hospitalar. Para mais, que a sobrevivência do paciente que sofreu a PCR até sua chegada ao ambiente hospitalar mais que dobrou nos pacientes em uso de adrenalina versus placebo.
Entretanto, ainda comparando-se a dose padrão de adrenalina com o placebo, os autores não encontraram diferença significativa entre os dois grupos na sobrevivência com desfecho neurológico favorável. E mais, os estudos avaliados demonstram que mais pacientes no grupo em uso da dose padrão de adrenalina apresentaram danos neurológicos, em comparação com o placebo.
Por fim, um estudo avaliado pelos autores evidenciou que o uso da vasopressina aumentou a sobrevivência do paciente com PCR até sua chegada em ambiente hospitalar em 27%, quando comparado à dose padrão de adrenalina. Entretanto, esse dado apresentou muito baixa qualidade de evidência.
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Referência: Finn, Judith, et al. "Adrenaline and vasopressin for cardiac arrest." The Cochrane Database of Systematic Reviews, vol. 2019, no. 1, 2018, .
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