Infarto agudo do miocárdio (IAM) ocorre quando há disfunções nas artérias coronárias (aterosclerose, que pode levar a oclusão total ou parcial da artéria), com isquemia do tecido miocárdico (podendo ter necrose). As possíveis consequências são insuficiência cardíaca ou parada cardiorrespiratória e morte. Os sinais e sintomas geralmente são inespecíficos, podendo ter a apresentação clássica (dor torácica) ou não (angina equivalente), fazendo com que seu diagnóstico clínico seja mais indelineável. Isso é um grande problema, pois a falha diagnóstica aumenta em 2x o risco de óbito. Por haver mau prognóstico (taxa de mortalidade de 27%), sintomas pouco específicos e uma tendência de aumento dos casos pela pandemia de COVID-19 (estudos comprovam que infectados tem risco maior de ter futuro IAM), um método diagnóstico para IAM mais eficiente é necessário, com auxílio de biomarcadores, podendo-se utilizar de tecnologia com aptâmeros.
Há vários biomarcadores atualmente disponíveis, entre eles, CPK (muito inespecífica), CK-MB (pouco sensível), mioglobina (sensível, mas não é específica do músculo cardíaco) e troponina I ou T (sensíveis e específicas do miocárdio, boas para diferenciar angina instável de um IAM. Pode ficar elevada por até 2 semanas após um IAM) são os mais utilizados na prática, mas existe também a copeptina (CT-proAVP), que tem seus níveis elevados em fases iniciais do IAM, mas tem meia-vida curta (dificulta a quantificação) e o H-FABP (proteína ligante de ácidos graxos do tipo cardíaca), sendo uma proteína liberada pelos miócitos para gerar mais energia para o tecido. Visto isso, é necessário que haja uma análise de diversos biomarcadores em conjunto para determinar o diagnóstico de IAM.
Os níveis da proteína C reativa não são adequados para diagnóstico de IAM, mas são indicadores do prognóstico de doenças cardiovasculares e determinam o grau de dano tecidual gerado pelo IAM. Novos componentes estão em estudo para determinar se são boas opções como biomarcadores, entre eles, genes, alguns possuem expressão maior (DCK e RNU4-7P) ou menor (KLHL8, HCLS1, MOB3A, IL17RA, ETF1, ZFAS1, CRK, MXD1, UBXN2B, FCAR e EXTL3) após eventos de IAM. Ensaios clínicos também indicam que anticorpos podem ser bons indicadores de IAM e conseguimos quantificá-los através das técnicas de ELISA, SPR (ressonância de plasmon de superfície) ou nanopartículas de ouro.
Aptâmeros são compostos oligonucleotídicos de DNA e RNA, (chamados também de “anticorpos químicos”, por sua característica de se ligar a substâncias-alvo), baratos e simples de serem fabricados. Os aptâmeros têm sido utilizados para detectar rapidamente níveis de cortisol através da saliva e podem diagnosticar infecções por SARS-COV-2. Os aptâmeros conseguem detectar troponina i com sensibilidade de 100% e especificidade 81%, sendo então vital para rápido diagnóstico do IAM, podendo reduzir a taxa de mortalidade.
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FONTE:
- Kim SY Cardiac biomarkers and detection methods for myocardial infarction. Mol Cell Toxicol.; doi: 10.1007/s13273-022-00287-1. Epub 2022 Sep
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