Queimaduras são uma das causas mais comuns de lesões domésticas e causa lesões sérias na pele (ou tecidos mais profundos) com morte tecidual, e as consequências podem não ser apenas locais - pode haver acometimento sistêmico. Crianças com queimaduras apresentam maiores consequências que adultos, como infecções, hipotermia, desidratação, demora de cicatrização, síndrome hipermetabólica, obstrução de vias aéreas (edema de laringe), imunossupressão e até sepse e síndrome de disfunção de múltiplos órgãos (MODS).
Revisando 92 artigos de 2000 a 2021, este artigo tem a intenção de coletar informações sobre os efeitos fisiopatológicos no público pediátrico e como pode afetar a resposta imune sistêmica na criança, mas mais pesquisas são necessárias no âmbito imunológico, principalmente com crianças pequenas, visto que pode influenciar no tratamento.
Na resposta local a queimadura três zonas de lesão são formadas, de necrose coagulativa (lesão irreversível), de isquemia (é a zona-alvo do tratamento, pois consegue-se "salvar" essas células) e inflamatória (avermelhada pelo aumento de vasodilatação e perfusão tecidual). O tecido se regenera em 7 a 10 dias, e se houver infecção, pode demorar mais para obter recuperação local.
Na resposta sistêmica: em queimaduras graves, citocinas e outros mediadores inflamatórios são liberados em excesso em áreas queimadas e não queimadas. A extensa resposta inflamatória gera uma fase de SIRS (síndrome da resposta inflamatória sistêmica) e uma fase de CARS (síndrome da resposta anti-inflamatória compensatória).
Essas reações afetam quase todos os sistemas, cardiovascular (edema, arritmia), respiratório (hipoxemia, hipertensão pulmonar, diminuição da complacência), renal (primeiramente há menor filtração glomerular e depois alta filtração até atingir injúria renal aguda) e gastrointestinal (dilatação gástrica, esvaziamento gástrico tardio, translocação bacteriana, diminuição da absorção de nutrientes e injúria hepática, podendo levar a MODS, sepse e até morte do paciente.
Quando a SCQ excede 30%, há vasodilatação intensa e aumento da permeabilidade capilar, levando a choque hipovolêmico. As células inatas mais envolvidas: monócitos e neutrófilos, promovem fagocitose e liberam citocinas pró-inflamatórias e proteases antimicrobianas. As células Natural Killers são essenciais nas queimaduras, pois promovem rápida resposta a patógenos, impedindo infecções, mas infelizmente não se observa sua ação na faixa pediátrica, apenas em adultos.
O papel do linfócito também é muito frequente, e em crianças há maior liberação de IL-17 quando comparado aos adultos. Há pouca informação sobre o papel dos linfócitos B em queimaduras. Moléculas inibitórias como PD-1 (programmed death - morte celular programada) e CTLA-1 (CD152), são muito importantes para a manutenção da homeostase das células T e isso indica que essa molécula é um potencial alvo terapêutico nos eventos de queimadura.
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FONTE:
- Korzeniowski T; The Role of the Immune System in Pediatric Burns: A Systematic Review. J Clin Med. 2022 Apr 18;11(8):2262. doi: 10.3390/jcm11082262
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