A Doença Renal Crônica (DRC) é uma redução gradual da função dos rins em um período maior que 3 meses, verificando-se uma taxa de filtração glomerular (FG) < 60 ml/min/1,73m² ou presença de outros marcadores de injúria renal (ex: albuminúria >30mg/d). Essas agressões aos rins podem progredir e culminar em insuficiência renal, doenças cardiovasculares e morte precoce. Alguns fatores de risco para a progressão da DRC são hiperglicemia, hipertensão arterial, obesidade e albuminúria. Logo, todos esses fatores devem ser bem controlados no paciente com DRC, para evitar a progressão da doença e consequentemente reduzir a mortalidade na população.
Em adição ao controle dos fatores de risco, atualmente há intensa procura de fármacos que impeçam a evolução da DRC para seu estágio final (insuficiência. Sabe-se que as medicações IECA e BRA já têm sido utilizadas para esse propósito, mas não reduzem a taxa de mortalidade da DRC. Para esse aspecto, os inibidores do co-transportador 2 de sódio-glicose (iSGLT2) têm mostrado resultados promissores, diminuindo tanto o risco de evolução da doença, quanto a chance de ter insuficiência cardíaca e morte por insuficiência renal, quando comparado a grupos em uso de placebo. Esse efeito da medicação anti-hiperglicemiante (iSGLT2) foi descoberto primeiramente em um estudo para determinar a segurança da medicação (possíveis consequências cardiovasculares) em pacientes com diabetes mellitus tipo 2 (DM2), em que 7-26% dos pacientes tinham DRC e, neles, foi verificada uma melhora da taxa de filtração glomerular.
Em um estudo (n=4401) a canaglifozina demonstrou reduzir em 32% o risco de evolução para o estágio final da DRC e reduzir em 34% o risco de morte renal. Nesse estudo todos os pacientes tinham DM2. A Food and Drug Admnistration (FDA – EUA) aprovou seu uso clínico para tratar a DRC apenas se o paciente tiver DM2, FG >30ml/min/1,73m² e albuminúria > 300mg/d.
A dopaglifozina mostrou-se ser mais benéfica ainda: em um estudo de pacientes com DRC (n=4304), 67,5% dos participantes tinham DM2 e 32,5% não tinham, e mesmo assim, ambos os grupos tiveram menos 39% de risco de evolução para o estágio final da doença e morte por causas renais (em pacientes com declínio importante da FG houve redução de 44% do risco). Além disso, a dopaglifozina reduziu em 31% o risco de morte por quaisquer causas (não só renal). Seu uso, então, foi aprovado para tratar DRC em pacientes com FG>25 e com risco de progressão da doença.
Os efeitos colaterais do uso de iSGLT2 ocorrem raramente, sendo alguns deles maior risco de cetoacidose diabética, infecções do trato urinário, glicosúria e maior risco de infecção fúngica genital. Outros fármacos que precisam de mais estudos para comprovar seu efeito na DRC são os agonistas de receptores GLP-1 (reduz o risco de macroalbuminúria) e finerenone (aprovado o seu uso em pacientes com DRC e DM2 concomitantemente; um efeito colateral importante é a hipercalemia).
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