A diabetes mellitus tipo 1 (DM1) é uma doença metabólica que resulta em hiperglicemia, associada a destruição das células beta-pancreáticas, produtoras de insulina. Os marcadores de turnover ósseo estão diminuídos na DM1, o que contribui para a teoria que a insulina é um importante fator para crescimento ósseo. Devido a isso, verificou-se que a densidade óssea é menor em indivíduos com DM1 (pessoas com DM2 possuem valor normal) do que em indivíduos da mesma idade da população geral, gerando um risco 4-6 vezes maior de fratura de quadril e de colo de fêmur, “pior” que o efeito do envelhecimento.
A DM1 possui 3 subtipos de acordo com as características clínicas no início da doença. Pode ser I- lentamente progressiva (a insulina vai reduzindo gradualmente em meses a anos), II- de início agudo (sintomas surgem mais rapidamente, com uma insulina bastante baixa já) e III- fulminante (insulina muito baixa, que resulta em cetoacidose, mas com hemoglobina glicada baixa). Neste estudo, verifica-se se há semelhança ou não da densidade óssea nos pacientes com diferentes subtipos da DM1.
Nesse estudo japonês, transversal e retrospectivo, foram estudados 98 pacientes (51 do subtipo agudo, 35 lentamente progressivos e 12 fulminantes) com DM1, de 2008 a 2019, que realizaram o BMD-Z (Z-escore da densidade óssea mineral) da coluna lombar e colo do fêmur, sendo que não houve avaliação do controle glicêmico. Nos 3 subtipos da DM1 não houve diferença quanto ao IMC e complicações microvasculares (com exceção da retinopatia), porém, os indivíduos dos subtipos agudo e fulminante tiveram uma densidade óssea menor que os do subtipo lentamente progressivo.
Verificou-se também, que a mudança da densidade óssea depende do tempo de exposição à baixa insulina, então mais 3 grupos foram formados para comparação; em indivíduos entre 1-6 anos de doença (n=33) e 6-14 anos de doença, observou-se que a densidade óssea variava entre os subtipos, mas isso não ocorria nos indivíduos com mais de 15 anos de doença (como se não tivesse mais relevância).
Em mulheres pós-menopausa também não houve diferença entre os subtipos, pois a “perda” de estrógeno gera um impacto ainda maior que a baixa insulina, fazendo com que a diferença da densidade óssea entre os subtipos fosse irrelevante. Além disso, o controle glicêmico torna-se mais difícil no período pós-menopausa, assim tendo maior risco de complicações microvasculares (retinopatia, nefropatia e neuropatia).
Esse foi o primeiro estudo desenvolvido para observar a diferença de densidade óssea nos diferentes subtipos da DM1, mas teve muitas limitações por ser um estudo transversal, retrospectivo, incluir tanto crianças como adultos e tamanho de amostra reduzido (principalmente para o subtipo fulminante). Logo, é necessário que haja estudos longitudinais de longa duração para maiores conclusões.
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