Por: Marcela Ramos
A revista “Breathe”, em dezembro de 2019, questionou em seu editorial a máxima, por anos empregada, da inexistência de receptores beta-adrenérgicos nas crianças menores de 2 anos. Isso porque, no conhecimento popular, acreditava-se que há uma associação entre o não funcionamento do beta-2-agonista como tratamento da bronquiolite viral aguda (BVA) com a inexistência de receptores beta-adrenérgicos nos pulmões dos lactentes.
O que são os beta-adrenoreceptores?
Para entender melhor sobre o que trata especificamente a publicação da revista breathe, é preciso entender que os beta-adrenoreceptores podem ser divididos em beta-1, majoritariamente presentes no tecido cardíaco, e o beta-2, que pode ser encontrado nos pulmões, fígado, tecido vascular e útero.
Falando especificamente do pulmão, os beta-receptores são encontrados no músculo liso das vias aéreas e os pneumócitos tipo II, nas células epiteliais e nos mastócitos.
Os pacientes com bronquiolite viral aguda respondem a beta-2-agonistas?
Pacientes com bronquiolite viral aguda tem sua fisiopatologia pautada no edema e na inflamação da mucosa dos bronquíolos que leva à obstrução das vias aéreas. Associada a essa inflamação, o tecido linfóide periférico responde a essa condição com hiperplasia, promovendo uma diminuição do fluxo de ar nos bronquíolos por uma compressão extrínseca a eles. Diante desse cenário, administrar o broncodilatador para interferir nessa fisiopatologia não faz sentido, e não modificará o estado geral dessa criança, segundo o editorial.
Além disso, o artigo cita fontes que defendem a existência de receptores beta-adrenérgicos desde o primeiro dia do nascimento. Concluindo que lactentes possuem sim receptores beta-2-adrenérgicos, e, portanto, torna-se um mito acreditar na sua inexistência. O editorial ainda ressalta de forma enfática que no tratamento da bronquiolite viral aguda, o beta-2-agonista, realmente não tem espaço já que não atua diretamente na fisiopatologia do quadro clínico do paciente.
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FONTE:
- Beta-2- agonists do not work in children under 2 years of age: myth ou maxim?. Breathe. United Kingdom, 2019 dez; volume 15 no. 4
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