O artigo de revisão propõe reconceituar a sepse na pediatria à luz do Sepsis 3 que foi escrito para adultos. Como também pretende mostrar que há uma pobreza em termos de estudos sobre sepse na pediatria, impedindo a produção de protocolos mais robustos e pautados em estudos científicos das faixas etárias pediátricas.
Como o artigo é uma revisão dos conceitos, do diagnóstico e do manejo da sepse na pediatria, aqui cabe elencar os pontos abordados de maior relevância. A sepse pode surgir quando existe uma suspeita ou confirmação de uma infecção por qualquer patógeno que apresente duas das seguintes características:
- Taquicardia ou bradicardia;
- Temperatura > 38,5ºC ou < 36ºC (um dos critérios obrigatórios);
- Taquipneia;
- Leucocitose ou leucopenia (um dos critérios obrigatórios).
Com essa definição consegue-se diferenciar a forma grave (sepse + disfunção orgânica) e o choque séptico (sepse sustentada apesar da reposição volêmica). Esses conceitos são decisivos para entendê-la como um todo, não apenas na pediatria, por isso fazem parte do protocolo Sepsis 3.
Dificuldade em achar critérios para apontar a sepse na pediatria
A grande dificuldade na pediatria é entender quando há a presença do choque séptico, isso se dá devido a maior parte dos choques pediátricos cursarem com boa perfusão periférica confundindo a cabeça do examinador. Por isso, os critérios para definição fogem da inspeção da perfusão do paciente.
Outro ponto a ser destacado é o fato de o lactato ser de pouco uso para indicar a gravidade, justamente por haver pouco metabolismo anaeróbio diante da boa perfusão tecidual, na maioria dos casos.
Manejo da sepse
O manejo da sepse será realizado com o seu reconhecimento. Veja a seguir:
- Estabilização de vias aéreas; manter oxigenação e ventilação;
- Melhorar a perfusão quando for necessário, a partir da reposição volêmica (20 ml/kg em 10 a 20 minutos);
- Introdução de drogas vasoativas (adrenalina – choque quente, dobutamina – choque frio), se necessário, observando a perfusão periférica e a diurese (> 1 mg/kg/hora).
Por fim, é estabelecido na revisão que seja iniciada na primeira hora a antibioticoterapia empírica, voltada no entanto para a epidemiologia local, como também a suspeita do foco da sepse. Sem esquecer de coletar as culturas dos locais que são suspeitos.
Aquele paciente que vem evoluindo bem, após a introdução do antibiótico, deve realizar o curso de apenas 7 dias. Para mais, também foi observado que o uso de corticoides não é benéfico no manejo da sepse na pediatria. Diante disso, o artigo de revisão consegue passar pela definição, diagnóstico, manejo e tratamento da sepse com o propósito de facilitar a vida do intensivista pediátrico assim como destacar as primeiras condutas a serem realizadas na emergência.
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FONTE:
- Choque séptico em pediatria: o estado da arte. Jornal de Pediatria. Rio de Janeiro, 2020; 96 (S1): 87-93
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