Metanálise recentemente publicada na plataforma Cochrane estudou o papel da terapia cognitiva comportamental (TCC) no tratamento dos transtornos de ansiedade em crianças e adolescentes. Os transtornos de ansiedade são as desordens psiquiátricas mais comuns na população, e acometem 6.5% dos pacientes pediátricos. Apesar da elevada prevalência, importante número de pacientes permanece sem tratamento, com atraso de 9 a 23 anos após o diagnóstico ser firmado.
O tratamento preconizado consiste na psicoterapia, associado ao tratamento farmacológico com inibidores seletivos de recaptação de serotonina. Entretanto, no público pediátrico, as intervenções farmacológicas comumente não são a terapêutica de primeira linha, devido a preferências do paciente e família, bem como aos efeitos colaterais. Dessa forma, o estudo da TCC no tratamento desses pacientes é de fundamental importância.
O estudo objetivou avaliar a eficácia da TCC na remissão dos sintomas de ansiedade nas crianças/adolescentes avaliadas. E mais, se houve redução clinicamente significativa nos sintomas de ansiedade quando comparado com pacientes sem tratamento, tratamentos alternativos e em uso de medicação. A metanálise englobou 87 estudos, contemplando 5.964 pacientes com até 19 anos e diagnóstico firmado de qualquer transtorno de ansiedade de acordo com os critérios do DSM-V, ICD-9 ou ICD-10. Foram excluídos pacientes com diagnóstico de estresse pós-traumático e/ou transtorno obsessivo compulsivo, visto que esses não estão inclusos nos critérios do DSM-V dos transtornos de ansiedade.
Os autores identificaram evidência de qualidade moderada de a TCC promove maior remissão de sintomas de transtorno de ansiedade à curto prazo (até 6 meses após o tratamento) quando comparada com a ausência do tratamento. Assim, os autores evidenciaram taxas de remissão de 49% nos transtorno de ansiedade tratados com a TCC, em comparação com 18% de remissão dos sintomas em pacientes sem qualquer tratamento.
Contudo, o estudo não identificou vantagens da TCC em comparação com terapias alternativas ou com o tratamento farmacológico, devido ao número insuficiente de estudos que realizaram essa comparação. Por fim, o estudo foi muito elucidativo ao identificar que a assistência de psicólogos com menos de 10 horas de contato clínico, quando comparados com tempos maiores de contato clínico, produziram taxas de remissão dos sintomas de transtorno de ansiedade nas crianças e nos pais de forma similar. Esse achado pode ser muito relevante, visto que é um desafio a prática clínica o acesso ao atendimento psicológico para crianças e adolescentes.
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FONTE:
- James, Anthony C et al. “Cognitive behavioral therapy for anxiety disorders in children and adolescents.” The Cochrane database of systematic reviews ,6 CD004690. 3 Jun. 2013, doi:10.1002/14651858.CD004690.pub3
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