A varíola dos macacos é uma zoonose inicialmente isolada nos macacos, mas posteriormente obteve outros hospedeiros. É causada pelo orthopoxvirus, vírus de DNA fita dupla e tem apresentação semelhante, porém mais branda, à varíola “tradicional”. Sua transmissão ocorre por contato de pele (contato íntimo e prolongado com indivíduos sintomáticos), sexual, com sangue infectado, fômites (toalha, lençóis, roupas contaminadas) ou por gotículas respiratórias. No surto de varíola dos macacos atual, as lesões exantemáticas iniciam-se muitas vezes nas genitálias e regiões perianais, posteriormente disseminando-se por todo o corpo e o indivíduo é considerado até que as lesões se cicatrizem (formem crostas) e “caiam”. O diagnóstico é confirmado através de PCR em swabs coletados nas lesões vesiculares ou ulcerosas.
Dados sugerem que vacinas contra a varíola tradicional possuam efeito protetor contra a varíola dos macacos, levando a manifestações clínicas mais leves, podendo controlar os pequenos surtos da doença. As indicações de realizar profilaxia são* estar no quarto do paciente sintomático sem EPI durante a realização de procedimentos que criem aerossol de secreções orais ou das lesões de pele *, estar a 2m de um paciente por >3h, sem uso de equipamentos de proteção individual (EPI), contato íntimo com a pele do paciente ou materiais contaminados sem EPI. Para indivíduos de baixo risco (contato breve com infectado ou sem EPI), apenas manter em observação, pois a profilaxia não é recomendada. Estão disponíveis nos EUA as vacinas JYNNEOS e ACAM2000 (ambas de vírus vivo atenuado), com 85% de eficácia contra a varíola dos macacos. A vacina ACAM2000 possui diversos efeitos adversos, incluindo reações cutâneas severas, miopericardite e encefalite pós-imunização e tem diversas contraindicações (gestantes, lactantes, menores de 1 ano, histórico de atopias, condições imunossupressoras, >2 doenças de risco cardiovascular, portadores de doenças cardíacas e indivíduos de alto risco de possuir HIV, como trabalhadores do sexo), enquanto a JYNNEOS possui um risco muito menor de produzir esses efeitos e é somente contraindicada para os que possuem hipersensibilidade a seus componentes. Por conta da possibilidade dessas reações adversas das vacinas, um soro (imunoglobulina) foi produzido para gerenciar as complicações e pode ser administrado também em indivíduos que possuem contraindicação às vacinas.
O centro de controle e prevenção de doenças dos EUA (CDC) definiu algumas orientações provisórias sobre o tratamento da varíola dos macacos. Como a maioria dos casos são leves e autolimitados, a terapia suporte costuma ser suficiente, mas em casos graves com populações de risco (gestantes, imunocomprometidos...), antivirais podem ser considerados, mas a eficácia deles ainda não está completamente estabelecida. O tecovirimat (conhecido também como TPOXX ou ST-246) é recomendado para adultos ou crianças >3kg e é a principal opção de escola, tendo disponível via oral ou intravenosa. O brincidofivir (droga análoga ao cidofivir, mas com menor nefrotoxicidade) pode ser autorizada para uso emergencial, mas antes e durante o tratamento deve-se solicitar alguns exames laboratoriais, pois pode aumentar os níveis de bilirrubina sérica e de transaminases.
Fonte: Pubmed
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