A sífilis é uma das infecções sexualmente transmissíveis (IST) mais comuns, afetando a saúde de muitos indivíduos no mundo todo. Apesar de ser uma doença curável, continua sendo um grande problema para a saúde pública, pois quando não diagnosticada e tratada precocemente, leva a graves consequências.
A incidência da IST tem aumentado no Brasil, principalmente para homens entre 20 e 29 anos de idade, mas impacta também gestantes e crianças, contribuindo para infertilidade, complicações no parto, morte fetal e agravos à saúde da criança (sífilis congênita).
O que é Sífilis?
A sífilis é uma infecção causada pela bactéria Treponema pallidum, transmitida principalmente por contato sexual desprotegido com uma pessoa infectada. Também pode ser transmitida verticalmente da mãe para o feto durante a gravidez, ou através de transfusões sanguíneas de doadores infectados (muito raro devido ao rigor de hemocentros).
Para você ficar sabendo todos os detalhes temos uma aula exclusiva que trata desse assunto, confira no nosso streaming de atualização médica. O Medclub Prime tem um preço que cabe no seu bolso e vai te manter atualizado, o que é muito importante para o seu dia-a-dia
Sinais e sintomas da sífilis
A infecção apresenta diferentes estágios clínicos, cada um com características específicas e manifestações clínicas distintas, podendo ser dividida em 4 fases: primária, secundária, latente e terciária.
Sífilis Primária
A sífilis primária se manifesta geralmente de 3 a 12 semanas após a exposição à bactéria. Nessa fase, ocorre o surgimento de uma lesão ulcerada, conhecida como cancro duro, no local de entrada da bactéria. O cancro duro é indolor, firmemente aderido à pele ou às mucosas, e altamente contagioso.
Essa lesão tende a desaparecer espontaneamente em algumas semanas, mesmo sem tratamento. No entanto, isso não significa resolução, pois a infecção entra em fase de latência, podendo reaparecer em alguns meses como sífilis secundária (latência precoce) ou após anos como sífilis terciária (latência tardia > 1 ano).
Sífilis Secundária
Após alguns meses do estágio primário, a sífilis secundária pode se desenvolver. Nessa fase ocorre disseminação da bactéria por todo o organismo, resultando em manifestações cutâneas generalizadas. O rash maculopapular (roséola sifilítica) apresenta descamação em sua periferia (colarete de Biet) e acomete o tronco e região palmo-plantar.
As lesões cutâneas geralmente são acompanhadas de febre, mal-estar, linfadenopatia (destaque para linfadenopatia epitroclear), dor de cabeça, dor de garganta, alopecia e perda de peso. Além disso, outras complicações podem surgir, como hepatite e glomerulonefrite.
Apesar de raro, o quadro clínico da infecção primária e secundária pode ocorrer simultaneamente, com o paciente apresentando o cancro duro e as lesões cutâneas generalizadas.
Sífilis Terciária
Este tipo é o estágio mais tardio da doença, que ocorre após anos de infecção não tratada. Nessa fase, podem surgir lesões graves e deformidades em diversos órgãos e sistemas, como o coração, vasos sanguíneos, ossos, fígado e sistema nervoso. Manifestações clínicas características incluem gomas sifilíticas (lesões granulomatosas), aneurismas, e comprometimento do sistema nervoso.
Neurossífilis
A neurossífilis ocorre quando a infecção atinge o sistema nervoso central. Essa forma pode se manifestar de diferentes maneiras, dependendo da região afetada. Os sintomas neurológicos podem incluir demência, alterações comportamentais, paralisias, perda de coordenação, comprometimento visual e auditivo, entre outros.
A neurossífilis pode ocorrer em qualquer estágio da doença, inclusive em estágios iniciais. A sua forma precoce pode ser assintomática ou se apresentar como meningite, enquanto o tipo tardio (após 10-20 anos) é mais grave, com ataxia locomotora e demência paralítica. Outras apresentações da infecção no sistema nervoso central são otossífilis (zumbido, vertigem, perda auditiva) e sífilis ocular (uveíte posterior, cegueira).
No tipo tardio também encontra-se as pupilas de Argyll-Robertson, em que as pupilas não são fotorreagentes, porém contraem-se na observação de um objeto próximo (reflexo de acomodação visual).
Se você quiser saber mais sobre este assunto acesse o nosso streaming de atualização médica, para assistir de onde e quando quiser. Sabe aquela dúvida que aparece no meio do plantão!? Os conteúdos atualizados do Medclub prime podem te ajudar a obter ainda mais êxito na sua prática médica
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da sífilis é realizado por meio de testes laboratoriais. O teste não treponêmico, como o VDRL (Venereal Disease Research Laboratory) ou o RPR (Rapid Plasma Reagin), que é utilizado como triagem inicial para detectar a presença de anticorpos contra a IST no sangue.
Caso o resultado seja positivo, é necessário realizar um teste treponêmico, como o FTA-ABS (Fluorescent Treponemal Antibody Absorption) ou o TP-PA (Treponema pallidum Particle Agglutination), para confirmar a infecção e identificar se é atual ou antiga. O teste treponêmico fica positivo para o resto da vida, logo deve-se recorrer ao VDRL para saber se o paciente foi tratado.
ATENÇÃO! Se o paciente tiver uma queda de 4 vezes ou 2 titulações, mesmo com o VDRL positivo, ele é considerado tratado!
Tratamento da Sífilis
O tratamento da sífilis baseia-se na administração de penicilina G benzatina, que é eficaz em todas as fases da doença. A escolha do regime terapêutico varia de acordo com o estágio clínico da IST e a presença de comorbidades. Em casos de alergia à penicilina, existem alternativas, como a doxiciclina ou a azitromicina. É importante ressaltar que o tratamento adequado é essencial para a cura da infecção e para a prevenção de complicações.
- Sífilis primária, secundária ou latente precoce: Penicilina Benzatina intramuscular 2.400.000 UI – Dose única (2 Frascos-Ampola, 1 em cada nádega);
- Sífilis terciária ou latente tardia: Penicilina Benzatina 2.400.000 IM – 1x/semana por 3 semanas (6 Frascos-Ampolas);
- Neurossífilis: Penicilina cristalina intravenosa (precisa atravessar a barreira hematoencefálica), 18-24mi por 14-21 dias.
Conclusão
A sífilis é uma doença sexualmente transmissível de grande relevância para a saúde pública, devido à sua alta prevalência e às graves consequências que pode acarretar quando não diagnosticada e tratada precocemente.
É fundamental promover a conscientização sobre os métodos de prevenção, como o uso de preservativos, a realização regular de testes de detecção e a busca por tratamento adequado. Somente através de esforços coordenados de educação, prevenção e tratamento, poderemos reduzir a incidência e o impacto da IST na sociedade.
Continue aprendendo:
- Herpes-zóster: causas, sinais e sintomas, diagnóstico e tratamento
- Tricomoníase: sintomas, diagnóstico e tratamento
- Eritema nodoso: artigo de revisão mostra o que é e como tratar
FONTES:
- Emedicine
- Boletim epidemiológico sífilis Secretaria de Vigilância em Saúde | Ministério da Saúde 2019
+400 de aulas de medicina para assistir totalmente de graça
Todas as aulas são lideradas por autoridades em medicina.