A plataforma UpToDate realizou recentemente uma atualização sobre a melhor escolha para reposição volêmica em pacientes com hipovolemia severa ou choque hipovolêmico. O choque é uma emergência médica, definido pela expressão clínica da hipóxia celular, tecidual e orgânica, e é causado pela: 1) incapacidade do sistema circulatório de suprimir as demandas celulares de oxigênio; 2) por oferta inadequada de oxigênio; e/ou 3)por demanda tecidual aumentada.
O choque hipovolêmico decorre de uma redução do volume intravascular, diminuindo assim a pré-carga e, consequentemente, o débito cardíaco. Pode ser classificado em hemorrágico, cuja causa mais comum é o trauma, ou em não hemorrágico, que corresponde a perda de fluidos que não sejam o sangue. São exemplos de causas do choque não hemorrágico as perdas gastrointestinais por diarreias e vômitos. Além disso, o choque hipovolêmico corresponde ao tipo de choque mais comum nos departamentos de emergência, e representa 16% dos choques que ocorrem em unidades de terapia intensiva.
Para manejo do choque ou da hipovolemia severa, os fluidos mais amplamente utilizados são a solução salina clássica (soro fisiológico a0,9%) e os cristaloides balanceados (Ringer Lactato e Plasma-Lyte). O soro fisiológico a 0,9% (SF) é hiperclorêmico em relação ao plasma, e pode provocar acidose metabólica. E mais, tem como outro efeito colateral o edema periférico. Por isso, é comumente utilizado para reposição de volumes menores (< 2L). Para a reposição de grandes volumes (≥ 2L), são comumente indicados os cristaloides balanceados, soluções isotônicas ao plasma. Todavia, o uso de Ringer Lactato está associado à alcalose metabólica, devido a metabolização do lactato pelo fígado, bem como a hiponatremia.
A fim de identificar possível superioridade do uso de cristaloides em relação ao SF, uma metanálise recentemente publicada utilizou seis ensaios clínicos controlados com pacientes que necessitaram realizar reposição volêmica, totalizando uma amostra de aproximadamente 35.000 indivíduos. O estudo demonstrou que a utilização de soluções cristaloides, em comparação coma reposição com SF, não apresentou reduções estatisticamente significantes na taxa de mortalidade após 90 dias, bem como na incidência de lesão renal aguda. Todavia, o estudo apresentou algumas limitações, como reposição de volume insuficiente em alguns desses ensaios. Portanto, os autores concluem que a escolha da melhor solução a ser administrada deve ser feita de forma individualizada, considerando a quantidade e volume a ser administrado, o perfil eletrolítico, a função renal e os principais efeitos adversos de cada solução, a fim de escolher a melhor opção para o caso.
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Fonte: UpToDate
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