As faringites nos adultos têm como causas principais as infecções virais e Streptococcus do grupo A. Diferenciar as faringites bacterianas tem como importância o tratamento oportuno com antibióticos e a redução de complicações supurativas e não supurativas. No entanto, a diferenciação clínica pode ser difícil, para isso critérios como o de Centor modificado ajudam na decisão clínica. Observe a tabela abaixo:
As faringites de repetição podem ser incapacitantes e são definidas como: Sete ou mais episódios no último ano OU cinco ou mais episódios por ano nos últimos dois anos OU três episódios por ano nos últimos três anos, sendo uma indicação comum de tonsilectomia. No entanto, não há evidência clara na literatura do real benefício da tonsilectomia na melhora da qualidade de vida dos pacientes, custo-efetividade e redução dos episódios de faringite.
O estudo NATTINA, encomendado pelo NHS (sistema de saúde nacional britânico), teve como objetivo responder a essa questão.
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Como foi realizado o estudo?
Foram incluídos neste estudo multicênctrico 453 pacientes, que foram randomizados para realização de tonsilectomia ou tratamento conservador. O desfecho primário foi o número de dias com dor de garganta durante 24 meses após a randomização, reportado semanalmente por mensagem de texto. A média de idade dos pacientes foi de 23 anos.
O estudo teve como desfechos secundários questionários de qualidade de vida e em análise custo-benefício. As indicações de tonsilectomia foram: faringites de repetição (de acordo com o critério mencionado acima), confirmação de que a dor de garganta era por faringite e episódios de dor de garganta incapacitantes.
O que o estudo trouxe de novo?
O grupo de pacientes que realizou tonsilectomia teve menos episódios de dor de garganta (média de 23 dias) do que o grupo que realizou tratamento conservador (média de 30 dias), além disso os pacientes do grupo que realizou o procedimento cirúrgico apontou melhor qualidade de vida nos questionários.
Conclusão
Um dos problemas do estudo é de ter sido um estudo aberto, tendo em vista que não se pode cegar o grupo tonsilectomia, pelo caráter inerente do tratamento. Associado a isso, um dos desfechos depende do relato dos pacientes nos questionários, sendo que muitos questionários não foram respondidos ao longo do tempo de observação, o que predispõe a vieses. No entanto, o estudo traz evidências mais objetivas para a decisão terapêutica junto ao paciente.
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FONTE:
- WILSON, Janet A. et al. Conservative management versus tonsillectomy in adults with recurrent acute tonsillitis in the UK (NATTINA): a multicentre, open-label, randomised controlled trial. The Lancet, v. 401, n. 10393, p. 2051-2059, 2023.
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