Artigo recentemente publicado pela revista Nutrients avaliou a eficácia da suplementação alimentar com vitaminas para a prevenção e para atrasar a progressão da demência. O estudo foi uma revisão sistemática, em que foram analisados 27 artigos que preencheram os critérios de inclusão. Veja a seguir:
- Artigos com pacientes com cognição considerada normal, declínio cognitivo leve, ou pacientes com doença de Alzheimer com idade superior a 45 anos;
- Estudos que utilizaram vitaminas A, B1, B2, B3, B5, B6, B9, B12, H, C, D E e K; e
- Artigos que utilizaram co-intervenções com mais de uma vitamina no mesmo estudo.
Resultados: a suplementação com vitaminas do complexo B foi mais eficiente
Os autores concluíram que muitos estudos demonstraram evidências positivas na suplementação com vitaminas do complexo B. Especialmente a suplementação com o ácido fólico (B9), que demonstrou uma melhora na performance dos pacientes nos testes cognitivos em comparação com o grupo controle, ou seja, quando comparados com o placebo e/ou tratamento convencional.
Além disso, o uso da tiamina (B1) também apresentou impactos positivos na cognição, principalmente em estudos em que essa era oferecida em conjunto com a vitamina B9. Artigos que avaliaram o uso da vitamina D no tratamento e na prevenção da demência não demonstraram resultados promissores, visto que apenas um estudo evidenciou melhora nos testes de cognição após suplementação com a vitamina D3.
Estando esses achados congruentes com outras revisões sistemáticas que avaliaram o uso da vitamina D em pacientes com demência. Sobre a vitamina E, apenas 3 estudos preencheram os critérios de inclusão, o que dificulta a generalização dos resultados. Além do mais, a suplementação dessa associada a vitamina C em doses baixas não apresentou resultados favoráveis.
Todavia, o estudo apresentou algumas limitações, entre elas, o uso de diferentes escalas para avaliar a cognição dos pacientes em cada trabalho. Por isso, mais artigos, especialmente de coorte prospectivo, são necessários para avaliar a eficácia dessas vitaminas no tratamento e na prevenção das demências.
O que é demência?
A demência é uma síndrome caracterizada por declínio cognitivo progressivo superior ao esperado para a idade do paciente, e que interfere na realização das atividades instrumentais da vida diária. Essa vem se tornando cada vez mais prevalente com a inversão da pirâmide etária e, até 2050, estima-se que 152 milhões de indivíduos serão acometidos.
Fatores de risco e subtipos
São fatores de risco para a demência a idade avançada, história familiar, fatores genéticos, hipertensão arterial, menos anos de estudo e obesidade. E ainda, tabagismo, sedentarismo, diabetes e baixa socialização. Os seus principais subtipos são a doença de Alzheimer (60% a 80%), demência vascular (20%), demência com corpos de Lewy e a degeneração lobar frontotemporal.
Sintomas e critérios diagnóstico
Os principais sintomas da demência são a perda de memória, dificuldades de concentração e mudanças na personalidade, humor e comportamento. E mais, a agnosia, afasia, alexia e agrafia.
O diagnóstico é feito a partir do preenchimento dos seguintes critérios: 1) presença de declínio cognitivo importante em pelo menos um domínio cognitivo; 2) declínio cognitivo deve interferir nas atividades instrumentais da vida diária; 3) o déficit cognitivo deve estar presente em outras situações que não o delirium.
Continue aprendendo:
- Novas evidências sobre a associação entre a flora intestinal e o risco cardiovascular
- Manifestações cutâneas durante a COVID-19: um estudo prospectivo de 83 casos
- Estudos mostram que a nutrição com baixo teor de carboidratos pode ser profilática para a enxaqueca
FONTE:
- Martínez, Victoria, et al. "Vitamin Supplementation and Dementia: A Systematic Review." Nutrients, vol. 14, no. 5, 2022.
+400 de aulas de medicina para assistir totalmente de graça
Todas as aulas são lideradas por autoridades em medicina.