Artigo publicado pela Universidade Federal Fluminense tem como principal objetivo alertar sobre a pobreza de diretrizes clínicas que abordem melhor a questão da constipação (presente em 51 a 87%) em pacientes oncológicos em cuidados paliativos, que necessitam opioides para o manejo da dor. Fora isso, outro ponto levantado foi em relação ao manejo inadequado, reconhecido em 60% dos casos de pacientes em paliação que sofrem com a constipação pelo uso de opióides.
Foi relembrado pela revisão de literatura que a ausência de um protocolo que guie as prescrições para resolução da constipação induzida por opioides (CIO) causa prejuízos não só na qualidade de vida, como também aumenta a procura de atendimento nos serviços de emergência, episódios de dores disruptivas, hospitalizações não planejadas e atrasos no tratamento ativo do câncer, culminando em aumento no sofrimento desses pacientes.
A importância desse tema é pontuada quando o artigo relembra que a constipação e suas manifestações clínicas (dor abdominal, distensão, anorexia, náuseas, mal-estar e diarreia por transbordamento, impactação fecal) são os principais tipos de disfunções intestinais provocadas pelos opióides.
Receptores mu-opioides e seu papel na constipação
Esse mecanismo é explicado pela presença de receptores mu-opioides não só no sistema nervoso central, mas localizados também ao longo do trato gastrointestinal, propiciando um atraso no esvaziamento gástrico e do trânsito intestinal, redução da motilidade ao suprimir a liberação de neurotransmissores do plexo mioentérico e inibição da secreção ao longo do trato.
Diante dessas modificações fica fácil entender porque a constipação é tão comum durante o uso de opioides e também fica claro que é preciso estabelecer um protocolo para que isso seja evitado.
Durante o artigo é especificado que não há método mais eficaz que outro para iniciar a terapia laxativa. O que deve ser feito é realizar uma análise do quadro do paciente e daí iniciar o laxativo que mais seja benéfico naquela situação. Ademais, é necessário que sejam encorajadas mudanças do estilo de vida, como aumento da ingesta de água, no consumo de fibras pela alimentação e a possibilidade de atividade física.
Novos laxativos para o manejo da constipação
Por fim, o trabalho fala sobre os novos laxativos, os chamados PAMORAs (antagonistas dos receptores mu-opioides periféricos ativos), que agem bloqueando os receptores mu-opióides periféricos ao mesmo tempo que poupam a analgesia central proporcionada pela ligação deles aos receptores do sistema nervoso central. No entanto, a prescrição desses medicamentos deve ser associada a outros laxativos, pois, por vezes, a origem da constipação advém de diferentes etiologias.
Continue aprendendo:
- Suplementação de vitaminas pode tratar e prevenir demências, aponta estudo
- Novas evidências sobre a associação entre a flora intestinal e o risco cardiovascular
- Manifestações cutâneas durante a COVID-19: um estudo prospectivo de 83 casos
FONTE:
- Rihmer: DAVID, N.C. Constipação pelo uso de opioide por pacientes oncológicos em cuidados paliativos – Revisão de literatura. Niterói, RJ, 2022
+400 de aulas de medicina para assistir totalmente de graça
Todas as aulas são lideradas por autoridades em medicina.