A insônia é um problema de saúde que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. É o distúrbio do sono mais comum na população em geral e é caracterizado pela dificuldade em iniciar ou manter o sono ou obter boa qualidade de sono, resultando em sono insatisfatório ou não reparador.
É um distúrbio mais comum entre idosos (possuem sono mais fragmentado e mais comorbidades que interferem) e no sexo feminino, sendo também muito associado a outros transtornos psiquiátricos, como depressão e ansiedade (relação bidirecional de causa e consequência).
O que é Insônia?
A insônia é um distúrbio do sono que pode ser classificado como aguda (curta duração) ou crônica (longa duração). Ela pode ser primária, quando não está associada a outra condição médica, ou secundária, quando é causada por uma condição subjacente, como apneia do sono, depressão, ansiedade ou uso de substâncias. Ela corresponde à maioria dos casos.
O problema afeta pessoas de todas as idades, mas é mais comum em adultos e idosos. A insônia acomete os indivíduos de forma abrangente, além da dificuldade para dormir, e pode interferir no seu estado físico e psíquico, provocando alterações no funcionamento diurno.
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Fisiologia do Sono
Para compreender a insônia, é importante conhecer a fisiologia do sono. O sono é um processo complexo que envolve várias fases e está relacionado a diversos hormônios e neurotransmissores. O ciclo sono-vigília é o ritmo natural do corpo, controlado pelo relógio biológico interno, que regula os períodos de sono e vigília ao longo do dia.
O ciclo sono-vigília é dividido em duas fases principais: sono REM (movimento rápido dos olhos) e sono não-REM. Durante o sono não-REM, o corpo passa por quatro estágios, começando pelo estágio leve de sono até atingir o sono profundo. Durante o sono REM, ocorrem sonhos vívidos, e a atividade cerebral é semelhante à vigília.
Durante o sono, o corpo passa por ciclos de aproximadamente 90 minutos, alternando entre o sono REM e não-REM. Um adulto típico passa por cerca de 4 a 5 ciclos por noite, com a duração do sono REM aumentando progressivamente ao longo da noite.
A melatonina é um hormônio chave na regulação do sono. Produzida pela glândula pineal, a melatonina ajuda a induzir o sono, sendo liberada em maiores quantidades durante a noite e é inibida quando está claro (luz do sol ou artificial). A regulação adequada do hormônio é essencial para manter um ritmo de sono saudável.
A quantidade de sono necessária varia ao longo da vida. Em média, recém-nascidos precisam de 14 a 17 horas de sono por dia, crianças em idade escolar necessitam de 9 a 11 horas, e adultos devem ter de 7 a 9 horas de sono por noite. Idosos, por outro lado, podem precisar de um pouco menos, geralmente de 6 a 8 horas.
Principais Causas de Insônia
A insônia pode ser desencadeada por uma variedade de fatores, tanto físicos quanto psicológicos. Algumas das principais causas incluem ansiedade, estresse, apneia do sono, depressão, artrite, refluxo gastroesofágico e uso de substâncias (cafeína, álcool, tabaco e medicamentos).
Fatores ambientais como ruído, luz excessiva e temperatura inadequada no quarto também podem interferir no sono, assim como manter horários de sono irregulares, o que desregula o ciclo sono-vigília.
Riscos da Insônia para a Saúde
A insônia não afeta apenas a qualidade de vida, mas também pode ter sérias consequências para a saúde, gerando maior risco de obesidade, diabetes, doenças cardiovasculares, comprometimento do sistema imunológico e problemas cognitivos, como falta de concentração, tomada de decisões e raciocínio lógico prejudicados.
Alterações comportamentais, como irritabilidade e problemas nas relações interpessoais também são comuns, sendo de grande risco para o desenvolvimento ou agravação de outros transtornos psiquiátricos.
Além disso, a sonolência diurna devido à insônia aumenta o risco de acidentes de trânsito e no local de trabalho, podendo gerar traumatismos letais.
Diagnóstico de Insônia Primária e Secundária
O diagnóstico da insônia envolve uma avaliação cuidadosa dos sintomas e fatores contribuintes. Os profissionais de saúde utilizam várias ferramentas para diagnosticar o problema, incluindo anamnese (entender os sintomas, histórico médico e fatores desencadeantes) e solicitação de um diário do sono (horários, despertares e qualidade do sono do dia).
Em alguns casos pode ser realizada uma polissonografia, um exame que monitora várias funções durante o sono, como atividade cerebral, movimentos oculares, ritmo cardíaco e respiração. Pelos critérios do DSM-V, a insônia primária ou Transtorno de Insônia Crônica pode ser diagnosticada através dos seguintes critérios:
Classificação Fenotípica da Insônia
- Insônia Inicial: Dificuldade em adormecer no início da noite. Mais comum em jovens. Presente em condições como síndrome das pernas inquietas,
- Insônia de Manutenção: Dificuldade em manter o sono, resultando em acordar várias vezes durante a noite. Mais comum em adultos e idosos, com condições como apneia do sono e diabetes.
- Insônia Terminal: Acordar muito cedo pela manhã, em horário muito anterior ao desejado e não conseguir voltar a dormir. Mais presente em condições como transtornos de humor (depressão).
- Insônia Não-Restauradora: Mesmo após dormir, a pessoa acorda cansada e não se sente revigorada. Relacionada à Síndrome da Apneia e Hipopneia Obstrutiva do Sono (SAHOS).
- Insônia Aguda: episódio de insônia, geralmente causado por eventos estressantes.
- Insônia Crônica: Persiste por pelo menos três vezes por semana por pelo menos três meses no ano.
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Principais Tratamentos para a Insônia
O principal tratamento para insônia é através das mudanças no estilo de vida, como estabelecer uma rotina de sono consistente, evitar cafeína e álcool antes de dormir, e criar um ambiente propício ao sono, além de dieta adequada e realização de atividade física regular. Práticas como meditação, ioga e relaxamento muscular progressivo podem ajudar a reduzir o estresse e promover o sono.
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma abordagem psicológica eficaz que ajuda a identificar e modificar pensamentos e comportamentos que contribuem para a insônia, sendo muito útil para o indivíduo.
Em casos graves, a terapia farmacológica pode ser utilizada, em associação à TCC sempre que possível. Esses medicamentos geralmente devem ser usados apenas a curto prazo devido ao risco de dependência e efeitos colaterais (sedação residual, alterações de memória, quedas e depressão respiratória). No caso de insônia secundária, tratar os problemas médicos subjacentes, como depressão ou apneia do sono, é a solução.
Para a insônia inicial é recomendado preferencialmente medicações de meia vida curta, para não causar sonolência excessiva no dia seguinte. Opções de meia vida curta são o Zolpidem e Ramelteon; de meia vida moderada são a mirtazapina ou olanzapina; e de meia vida longa, o clonazepam (rivotril) e flurazepam.
Para insônia de manutenção, temos a trazodona 25mg, quetiapina 12,5mg, Zolpidem CR, Temazepam ou pregabalina 50mg.
A melatonina é indicada para distúrbios do ciclo circadiano, principalmente para trabalhadores noturnos, indivíduos com déficits visuais, jetleg e transtorno do espectro autista. Também pode ser utilizada para prevenção da insônia no idoso.
Conclusão
A insônia é um distúrbio do sono comum que pode ter sérias implicações para a saúde e a qualidade de vida. É importante reconhecer os sintomas e buscar tratamento adequado, uma vez que a insônia pode ser tratada com sucesso através de mudanças no estilo de vida, terapia cognitivo-comportamental e, em alguns casos, medicamentos.
Compreender a fisiologia do sono e as causas subjacentes da insônia é fundamental para abordar esse problema de forma eficaz. É essencial promover a conscientização sobre a importância do sono adequado e da prevenção da insônia, visando uma vida mais saudável e produtiva.
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FONTE:
- Consenso de Insônia, Associação Brasileira do Sono 2019
- Rev Bras Neurol. 53(3):19-30, 2017 Transtornos do Sono: Atualização
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